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Igualdade de gênero no mercado de trabalho só será alcançada em 2186

Foto Divulgação Carta Capital

Igualdade de gênero no mercado de trabalho só será alcançada em 2186

Os avanços para diminuir a disparidade salarial entre homens e mulheres e aumentar a participação feminina no mercado de trabalho desaceleraram dramaticamente no último ano, afirma um estudo do Fórum Econômico Mundial divulgado nesta terça-feira (25).
No ritmo atual, a equiparação econômica entre os dois sexos só será alcançada daqui a 170 anos, ou seja, em 2186, destaca o documento, que analisa 144 países. A projeção apresenta um retrocesso de 52 anos em relação à previsão feita em 2015, quando a equiparação econômica entre homens e mulheres seria alcançada em 118 anos.
O relatório de 2016 mostrou desaceleração, pausa e reversão nesse processo em vários países ao redor do mundo. “Essas previsões não são conclusões imutáveis. Elas refletem o status atual do avanço e servem para estimular ações”, ressalta Saadi Zahidi, integrante do comitê-executivo do Fórum Econômico Mundial.
O documento destacou que, com o retrocesso do último ano, a disparidade de gênero no mercado de trabalho atingiu o maior nível desde 2008. O índice, de 59%, significa que a participação econômica e as oportunidades das mulheres equivalem a menos de dois terços das dos homens. Para acabar com a diferença, no ritmo anual, seriam necessários 170 anos.
Países nórdicos e Ruanda em destaque
Em todo o mundo, 54% das mulheres em idade para trabalhar participam da economia formal. Entre os homens, são 81%. Os vencimentos anuais delas são pouco mais da metade dos deles, cerca de 10.778 dólares ante 19.873 dólares.
Além da participação no mercado de trabalho, o estudo do Fórum Econômico Mundial mede também a participação política das mulheres e o acesso delas à educação e à saúde. Nesses dois últimos tópicos, os percentuais chegam a 95% e 96%, respectivamente. Isso significa que a diferença entre homens e mulheres pode ser eliminada nos próximos anos.
A situação é completamente diferente na participação política, onde o índice é de apenas 23%. Pelo ritmo anual, seriam necessários 82 anos para que as mulheres alcançassem a mesma presença política que os homens, afirma o estudo.
Os quatro índices (econômico, político, educação e saúde) foram unidos num índice geral, e este mostra que os países onde a igualdade de gênero é mais avançada estão no norte da Europa: Islândia, Finlândia, Noruega e Suécia.
O quinto colocado no índice global é uma nação africana: Ruanda, que chegou a enfrentar um genocídio em 1994. Ruanda é o país do mundo com a maior taxa de participação feminina no parlamento, onde 64% das cadeiras são ocupadas por mulheres. Além disso, os vencimentos delas equivalem a 88% dos ganhos dos homens.
Brasil com lacunas na política e economia
O Brasil ocupa a 79ª posição do índice global, entre os 144 países avaliados. As principais lacunas registradas pelo relatório se referem às participações econômica e política. Em saúde e acesso à educação, praticamente não há diferenças entre homens e mulheres no país, afirma o relatório.
Apesar de, nos últimos dez anos, a participação política das mulheres ter aumentado no Brasil, ela segue sendo muito inferior à dos homens, chegando a apenas 13%. O índice de participação econômica e oportunidades é de 64%. O Fórum ressalta que a disparidade nesses dois aspectos é um problema global. No mundo inteiro, as mulheres têm menos de 25% de representação política em relação à alcançada pelos homens e 59% de participação econômica.
“O número de mulheres em posições de chefia continua extremamente baixo, com apenas quatro países do mundo tendo igualdade entre o número de homens e mulheres legisladores, ocupando cargos executivo e diretores de empresas, apesar de 95 países terem o mesmo índice, ou até maior, de mulheres com diploma superior”, diz o documento.
(Carta Capital)
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