Desde a infância aprendi na família cristã que a via crucis de Jesus Cristo levou o Homem de Nazaré ao Calvário para ser sacrificado. Fato consumado após as mãos de Pilatos serem lavadas nas águas da opressão e o sangue do inocente derramado para o perdão da humanidade.
Por um instante pensei que com a remissão dos pecados o ser racional aprenderia a virtude da humanização, mas descobri o quanto estamos distante desse fenômeno.
Em tempos de avanço tecnológico deparamos vergonhosamente com a maldade que tem a finalidade de cravar as mãos e os pés das pessoas que não gostamos e estabelecer o apartheid social. E o pior, utilizam-se das redes sociais para difundir a raiva às pessoas que acham que são diferentes e escondem os verdadeiros problemas da sociedade.
Circulam nas redes sociais a foto de um adolescente segurando o livro intitulado “Filhos de Pais Maconheiros” na Bienal do livro, na realidade, o livro com tal denominação não existe, trata-se de uma produção fake com o objetivo de justificar a pratica absurda contra o direito intelectual pelo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivela, numa ação de censura na 9ª Bienal Internacional do Livro Rio – que ocorreu no Rio de Janeiro entre 30 de agosto e 8 de setembro. Veja a programação clicando neste link.
Crivella viu no beijo homoafetivo ilustrado na obra britânica editada pelos autores Allan Heinberg & Jim Cheung a sua chance de espalhar a maldade e esconder os verdadeiros problemas da sua gestão no Rio de Janeiro.
Ilustrarei para conseguir contestar o fake que foi lançado como uma lança para ser cravado no peito das pessoas que fazem opção diferente do heterossexualismo.
1. O livro Filhos de Pais Maconheiros não existe.
Na realidade, o titulo mostrado foi digitalmente alterado, pois trata-se de uma obra “Budismo em Quadrinhos para Principiantes” (no inglês, Buddha for Beginners). O livro, de fato, é de Stephen T. Asma – o nome do autor foi mantido na montagem. A obra foi publicada em português pela editora Pensamento em 2012. É comercializada principalmente pela Editora Saraiva.
2. É falsa também a atribuição de algumas imagens à Edição do livro “Os Vingadores: A cruzada das crianças”, quando na realidade são ilustrações da obra adulta obra adulta As Gêmeas Marotas, de Brick Duna, publicada em Portugal em 2012, que circulam na internet desde pelo menos 2014 e não estavam à venda na Bienal.
FAKE: “Em pleno domingo, Toffoli atende Dodge e libera livro infantil, com cenas de sexo gay no RJ” (Legenda de post no Facebook que, até as 12h de 9 de setembro de 2019, tinha sido compartilhada 533 vezes)
3. É falsa a afirmação que o livro “Os vingadores: A cruzada das crianças”, que tem a figura de um beijo entre pessoas do mesmo sexo estavam sendo vendidos para crianças, pois a obra britânica é direcionada ao publico adulto e trata-se de uma saga lançada em 2010 nos Estados Unidos e, mesmo que esteja à venda na Bienal do Livro, não é direcionado para o público infantil.
É de envergonhar a intolerância expandida num país de falso moralismo que continua a adorar seus ídolos politiqueiros para justificar seus desejos preconceituosos e elevar os gritos de “CRUCIFICA-O!” às minorias sociais vítimas da crueldade das autoridades. Uma vez que sabemos que não existe aversão à bienal do livro, mas a satisfação do anseio ao desrespeito ao que acham diferente para efetivar o apartheid social. Afinal, nessa via sacra ainda tem oportunidades de ser humanos? (Portal Gongogi)