Ao ritmo marcado do sapateado, a bailarina Isabella Serricella vem conquistando seu espaço na dança internacional, mostrando seus movimentos em uma sinfonia visual e sonora, unindo técnica e expressão em perfeita harmonia. Na última sexta-feira, 15, sua apresentação com o espetáculo “The Mercy Velvet Project”, uma ópera rock que resgata o impacto cultural e emocional do álbum de 1999, Live in Vain, da Banda Mercy Velvet, aconteceu no Studio Arts on Site, em Nova York.
O projeto, liderado pela coreógrafa e diretora Alexis Robbins, com direção musical de Christie Echols, traz à tona a essência da obra esquecida, ainda não disponível em plataformas de streaming. A performance explora as complexidades da condição humana e a necessidade de sobrevivência em comunidade, usando música, dança contemporânea e sapateado como elementos centrais. A percussão corporal, texto original e instrumentação ao vivo — incluindo baixo, guitarra e vocal — criam uma experiência imersiva que reflete as realidades políticas atuais e a busca coletiva por esperança e totalidade.
“Meu amor pelo palco é o que me move. No Brasil, muitas oportunidades estão ligadas ao ensino, mas eu quero mudar esse percurso e me dedicar mais às performances. Estou apostando em construir essa trajetória em Nova York”, afirma Isabella, que segue em sua busca por novos desafios e realizações.
De acordo com Isabella, todos os projetos que participou nos Estados Unidos até hoje foram como voluntária, no entanto, a bailarina se dedica a expandir o seu arco de trabalho para além de ser uma performer. “É um trabalho de construção profissional para um futuro breve”, define.
Há dois anos nos Estados Unidos, a bailarina nascida no Rio de Janeiro já apresentou-se em palcos consagrados como o Jazz Gallery e o New York Live Arts, além de participar de uma residência em Yale. Alem disso, participou de projetos com renomados artistas como Orlando Hernandez, Adriana Ogle, Kamrdance com direção de Alexis Robbins, Melissa Almager e Derick K. Grant. A artista é conhecida por sua técnica apurada, versatilidade e pela capacidade de transitar entre diferentes estilos de dança, sempre com uma abordagem criativa e expressiva que envolve o público.
No palco, a dançarina combina a elegância do sapateado com a intensidade da dança contemporânea, uma fusão que a tornou um destaque na cena artística. Sua importância vai além da performance: ela representa a resiliência e a dedicação da artista imigrante que busca constantemente inovar e colaborar em projetos que desafiam limites artísticos e culturais.
Carreira
Isabella Serricella começou sua carreira em peças infantis sob a direção de Bernardo Jablonski e Fabiana valor e conquistou sua primeira experiência profissional no icônico palco do Tablado. Paralelamente, sua paixão pelo sapateado começou cedo, aos 9 anos, e nunca mais foi interrompida. Sua formação continuou no Studio Valorarte, dirigido por Fabiana Valor, onde mergulhou no ballet clássico e no teatro. Ao descobrir a dança contemporânea na Faculdade Angel Vianna, redirecionou sua carreira, integrando conceitos de Laban, Pilates e a metodologia AV em sua prática.
A artista também brilhou como parte da Companhia Motiro, um coletivo independente de ex-alunos da Faculdade Angel Vianna, com quem recebeu o prêmio de 2º lugar no Festival SET, em Portugal, pelo espetáculo “Catarse”. A carreira de Isabella se expandiu para o Carnaval carioca, onde desfilou como guardiã do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de Vila Isabel, sob a direção de Ana Formighiere.
Apesar dos desafios pessoais, incluindo o luto pelo falecimento de seu pai em 2018 — seu maior incentivador na vida e na arte —, que a fez interromper temporariamente sua relação com a dança, Isabella perseverou e continuou a investir em sua carreira artística.
Durante a pandemia, fez uma mudança significativa para Florianópolis, onde colaborou com Daniela Alves no vídeo-dança “LUXOLIXO” e atuou como professora de dança contemporânea.
No Brasil, Isabella trabalhou com grandes nomes, como os diretores Júlia Stockler, Lionel Fisher, Flávia Tapias e Renato Vieira. Nos Estados Unidos, colaborou em trabalhos com referências do sapateado como Derick K. Grant, Leonardo Sandoval e Christina Carminucci, destacando-se no circuito nova-iorquino.
Com 19 anos de experiência no tap dance e uma sólida carreira no contemporâneo e no teatro, Isabella se descreve como uma artista movida por sua paixão pela performance. Seu objetivo é expandir sua trajetória nos Estados Unidos, colaborando com novos artistas e levando seus projetos autorais ao público internacional.