A Fundação Casa de Jorge Amado, localizada no Largo do Pelourinho, em Salvador, reabriu após passar por uma grande reforma que modernizou e ampliou a instituição. Com a reinauguração, a fundação dá início a um novo ciclo de ações culturais, destacando-se a peça A Casa de Jorge Amado. A encenação, dirigida por Edvard Passos, será apresentada a partir de janeiro e levará o público a percorrer os diversos espaços recentemente restaurados, com o autor e seus personagens mais conhecidos atuando como guias da visita.

A peça foi desenvolvida como uma experiência imersiva, em que os espectadores explorarão os novos cenários enquanto personagens como Pedro Arcanjo, Tieta, Quincas Berro d’Água, Gabriela e o pai Jubiabá ganham vida. A proposta é proporcionar uma vivência que ultrapassa a simples encenação teatral, sendo concebida como um espetáculo site-specific, ou seja, projetada para explorar as características espaciais da casa.

Em entrevista à Agência Brasil, Passos explicou que sua experiência anterior com a obra de Jorge Amado, que incluiu a adaptação de O Compadre de Ogum, foi determinante para o convite de criar esse espetáculo.

“A ideia é levar o público a vivenciar, através da narrativa e da interação com os personagens, as trajetórias e as histórias que marcaram a obra do autor”, afirmou.

A peça, que será encenada à noite, tem como objetivo manter uma atmosfera de mistério. A proposta de explorar o território e os cenários da casa será um elemento central, com os próprios personagens e o autor atuando como mediadores da história.

Além da peça, a Fundação Casa de Jorge Amado está desenvolvendo outros projetos que visam conectar ainda mais a obra do autor ao público. Um dos principais projetos é a criação de um aplicativo que permitirá aos visitantes acessar trechos de suas obras relacionados a pontos específicos de Salvador. Com isso, os usuários poderão explorar a cidade e ouvir trechos de Gabriela Cravo e Canela ou Capitães da Areia, por exemplo, ao passarem pelos locais mencionados nas obras.

A Fundação também está projetando um sistema de transporte para conectar a sede da instituição à Casa do Rio Vermelho, onde Jorge Amado viveu com sua esposa Zélia Gattai. O projeto, denominado Vou Daqui, Venha de Lá, visa proporcionar uma experiência mais ampla sobre a vida e a obra do escritor, ligando os espaços que marcaram sua trajetória.

A reforma da instituição, que incluiu a união dos edifícios Casa Azul, Casa Amarela e a recém-adicionada Casa Branca, resultou em um ambiente mais acessível e moderno, com novos espaços expositivos e um sistema de segurança mais eficiente. A reabertura foi celebrada com uma série de visitas, incluindo grupos escolares e turistas, que puderam explorar as novas exposições, como as dedicadas às escritoras Zélia Gattai e Myriam Fraga, além da sala dedicada a Exu, o orixá escolhido por Jorge Amado como guardião da casa.

No primeiro dia de reabertura, a professora Ana Elisa Dinunci de Sá Costa, de Niterói, destacou o impacto das obras de Jorge Amado na compreensão da cultura baiana. Ela visitou a exposição e ficou impressionada com a forma como o autor retratou o cotidiano da Bahia e as influências dos orixás.

A Fundação Casa de Jorge Amado está aberta gratuitamente até o sábado, 14 de dezembro. Após essa data, o local continuará com visitas gratuitas às quartas-feiras e terá uma programação com ingressos pagos nos demais dias.

*Com informações da Agência Brasil.

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