A APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) divulgou na terça-feira, 21, os vencedores de seu prêmio que reconhece as melhores produções e atuações brasileiras. Neste ano, a Globo perdeu o troféu de melhor novela pela primeira vez em 31 anos, para Pedaço de Mim, da Netflix, mesmo concorrendo com outras quatro produções na categoria que tinha cinco vagas. A derrota é um choque de realidade para a emissora líder de audiência na TV aberta, além de um alerta de que, mais do que nunca, uma análise em seu departamento de dramaturgia é necessária.
O melodrama estrelado por Juliana Paes concorria com as novelas das 6 Garota do Momento (no ar) e No Rancho Fundo, a das 7 Volta por Cima (também em exibição atualmente), além do remake de Renascer. Já era um sinal preocupante de que Mania de Você, atual novela das 9, não chegou sequer à final — algo raríssimo na história do prêmio.
Essa foi a primeira derrota da Globo na categoria de melhor telenovela desde 1994, quando perdeu para o SBT, que levou o troféu por Éramos Seis (1994). Desde então, a emissora carioca conquistou todos os anos com: A Próxima Vítima (1995), Salsa e Merengue (1996), Por Amor (1997), Terra Nostra (1999), Celebridade (2004), Paraíso Tropical (2007), Cordel Encantado (2011), Verdades Secretas (2015), Velho Chico (2016), A Força do Querer (2017), Bom Sucesso (2019), Nos Tempos do Imperador (2021), Pantanal (2022) e Vai na Fé (2023).
Dois atores da Globo até foram reconhecidos nas categorias de melhor atuação em novela da APCA, caso de Chay Suede por Mania de Você e Andrea Beltrão por No Rancho Fundo, além da série documental Kubrusly: Mistério Sempre Há de Aparecer, do Globoplay. A melhor série, porém, também ficou com a Netflix por Senna, e o melhor programa eleito foi o Sem Censura, da TV Brasil.
Garota do Momento e Volta por Cima são duas novelas ótimas que estão no ar, com textos potentes, boas atuações e temas interessantes. A vitória de Pedaço de Mim, entretanto, evidencia que a Netflix também acertou ao ousar com uma história inédita na dramaturgia, a hiperfecundação heteropaternal, ao mesmo tempo que abusou da fórmula do melodrama que a própria Globo implementou, usando grandes ex-estrelas de sua casa, como Juliana Paes, Vladimir Brichta, Palomma Duarte e a própria autora Angela Chaves, e carregando no drama — elementos que um bom folhetim pede. É tempo de mudança.
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Publicado em: 2025-01-22 20:26:00 | Autor: Kelly Miyashiro |