Estes objetos estão dispostos em lugar algum – zona limítrofe e paradoxal que não é fronteiriça a nada, que não demarca novidade qualquer, língua, costumes, padrões étnico-raciais ou cálculos logísticos para o comércio exterior. Estes objetos compõem espécie de região desterrada, árida, quebradiça na que sequer se percebe rastros, vestígios, ressaibos, uma fatia de palavra, um sinal de presença, nada, nenhuma, todavia insiste a solidão dos objetos deixados às soltas, no vazio da desaparecia. Quiçá, os objetos, sejam signos de uma transposição mecânica e aleatória, espécie de diagrama sem quadrantes objetivos, sem qualquer acúmulo de história, ou sintoma de causalidades, eles, estes objetos, seu clamor cênico, atestam a certa fração disruptiva, uma fratura sem juntura, sem espinha dorsal, sem aceno de comunicação. Apenas isto, o que não parece ser de pouca monta. Mas sigamos o rastilho, a porta falsa, a quarta parede fugidia.
Nada neles, os objetos, resguardo algo de outrora, nada neles indica variações de humores, estados de coisa – o bolor, a umidade, a mancha de café, a lasca de unha, sequer migalhas de pão comidas às vésperas, um recorte de jornal (lido, revirado, com dobraduras nas pontas?!), a tesoura com ferrugem, um jogo da velha inconcluso, nada, absolutamente nada – como se fora de uma letargia sôfrega obtusa indevassada o cenário que se plasma, os fragmentos fugidios do que se evoca e se perde, a substância da falta, certa condição de catatonia, o tempo contido e represado a um instante que não passa, que custa, que se apaga, e que resta.
Importante não se deixar levar por falsas pistas. Não importa a qualidade da madeira, o rústico do talho que define os objetos deixados a esmo, uns créditos de carpintaria; não importa se a linha do telefone estiver cortada ou ativa – se de um filete de voz ressoe, ao fundo, intermitente chiado – um mandado à execução de serviços escusos, a voz de comando a deflagrar a ordem do dia, o vasculho às residências, aos sindicatos, a voz aguda da execução, o desmonte a destinação o horizonte adulterado, o avançar sobre os corpos – que gritam, que urram desarmados, o trinado da delação ou a confissão arrancada à força de alicates, nada aqui, de fato, importa se o espaço que insiste é asséptico, se ele tergiversa sentidos e razões inconfessáveis; nada é o que conta o fato, nada o que o destila preciso, desfolhando-o de suas camadas soturnas, descrevendo-o desde seus avessos incontornáveis, nada aqui se presta à raia do juízo sintético, tampouco o porta-retrato no que pousa, em paisagem, o rosto da mulher que não há, nada aqui é salvo-conduto, justificação de modos e subterfúgios; não importa a pasta de couro barato, o rascunho de documentos esquecidos, ou mesmo a antena vergada de um rádio de época – qual época, houve alguém a escutar os últimos informes do governo de turno, persiste alguém depois da operação limpeza, frascos e mais frascos de desinfetante lançados sobre a grade dos fatos, e escova-se, esfrega-se, lustra-se o piso das horas, apaga-se, recompõe-se o grilhão dos acordos, Vargas por um fio, Vargas deposto, Vargas recluso, houve alguém a concatenar a marcha de procederes fora de prumo ou sintonia? Houve alguém, alguém ouve os rumores esmaecidos do tempo perdido – a casa desabitada pelo esquecimento? Onde os atores prenhes de gestos, ações, movimentos? Onde os personagens desencalacrados de dramaturgia se a cena é estanque, se os objetos ocupam as rubricas de cabo a rabo? É da ausência o de que se trata, o extracampo no que a vacância distribui as cartas que não estavam ao baralho. As novas diretrizes parecem condenadas à inconclusão.
Há rastros quando de uma ausência de tamanha monta – seu corpo de nada a esticar as patas de nunca? Como representar o que não se apresenta, esta ausência desossada e sem caroço, filamento de memória que não aguenta o peso do acontecido – que dói, que lastima, que paralisa, como dizer, como contar, como o testemunho do que se viu e viveu se parece faltar a palavra que comuta e que nomeia?
Havia um tempo no que se comprimia um regimento de horas, os dias que se somavam em motivações e alinhavos, um andar para lá e para cá no labirinto de repartições em desuso, houve isto? Os assaltos à história, os céus decaídos do suplicio político? Ou será que o assomado de tudo remonta àquela data pregada na parede de chapiscos, 10 de novembro de 1937, uma avalancha de detenções sem inquérito ou processo, os comunistas perseguidos em cada viela, em cada associação, nas listas de cadernetas achadas aqui acolá, os comunistas pintados como inimigos a serem abatidos, Natal Recife Rio de Janeiro, os comunistas golpeados no seio da família, entre companheiros e filhos, arrastados pelos cabelos da noite veloz e traiçoeira, levados às masmorras da polícia política, lançados à quarta classe dos vapores a cruzar a Costa brasileira até os presídios de segurança máxima, Fernando de Noronha, Ilha Grande, sob o cerco de tubarões e arraias com ferrão na cauda, talvez que não, talvez que não seja a hora de recordar afinal sequer se está ao plano-motor das novas diretrizes para tempos de paz, afinal sequer os objetos apresentados configuram prova suficiente para embasar fatos e havidos. Se trata de teatro, uma peça, um espetáculo, a ribalta, a dramaturgia que não precisa contar a minuta de um tempo suspenso. Todavia se trata de teatro debruçado sobre a carne do real, a folhagem do vivido esgarçada, seus silêncios tempestuosos evocados. Se trata de teatro e da exceção da história fraturada, tramitada de excessos e de saturações, afinal é da guerra e de seus arbítrios que se vem, os personagens cambaleantes, Segismundo, Clausewitz, eles caminham sobre ovos a um campo minado no teatro de operações.
E agora, aqui, é o palco, os objetos postados. O frescor de que dispomos acena ao intermezzo onde nada é o que regulamenta, as diretrizes que custam apenas acenam a um porvir embaçado, que tarda e não chega, a um hiato-clausura, a uma fenda por onde derrapam os pés as pernas o tronco o corpo inteiro de razões em precipício. Um bunker talvez, uma trincheira, a casamata na que tudo é compresso, fatigado, urgente, sintético – não seria este o enredo descrito pelo cenário em desenho de luz? Que importaria que houvesse, ainda, uma folha de carbono para petições futuras – haverá destinação a este excesso, resmas de papéis socavadas no exercício sujo do calabouço? Não seria de um arbítrio o telão de juízos houvesse ali uma penca de personagens, fulano sicrano beltrano, o capuz mergulhado na cabeça, a descarga elétrica que faz falar, meia dúzia de instrumentos de corte, Segismundo com sangue nas ventas, o submarino que encharca os pulmões, as palmas das mãos em golpes às orelhas, Segismundo com as mangas esgarçadas, a turva nuvem de fumaça sob a qual a ponta do cigarro repousa na pele num gesto de queimar, a fratura na mandíbula na tentação de fazer falar o íntimo segredo suspiro, Segismundo com a corda toda, enrolando-a no pescoço do depoente, um puxão aqui, outro acolá, seria o tempo o que escorre no que os ponteiros das horas se demoram em agonia e terror?
Insistimos, insisto neste espaço-nenhum o tempo está suspenso, os fatos são movediços e arbitrários, sabemos apenas que houve quem disparasse saraivada de protocolos e injunções, e agora não mais, as ordens foram depostas, a ordenança se esvazia, alguns querem esquecer que operavam as catracas do mundo, outros precisam lembrar que suas ações estavam amparadas num corpo de disciplina e responsabilidades a cumprir, mas as peças não se encaixam, uns fazem que não estavam, outros não sabem o que fazer com o que fizeram, Segismundo está aí, a este quadro vazio, no que Clausewitz ingressará ao descer do vapor que o trouxe de uma Polônia ocupada.
2
Ana Brasil, Daniel Braga e Ítalo Villani, em entrevista realizada no dia 17 de outubro de 2024, nas dependências Faculdade Cesgranrio, no Rio Cumprido, descreveram o processo de construção do espetáculo Novas diretrizes em tempos de paz. Ana, que assinou a direção, contou seu trabalho de professora no Curso de Bacharelado em Teatro, e mais especificamente, na cadeira de Drama Realista – se debruçando, sempre, sobre a dramaturgia brasileira, Nelson Rodrigues, Vianinha, Plínio Marcos, Gianfrancesco Guarnieri, e dentre os contemporâneos, Jô Bilac e Bosco Brasil. Ana conta que apresentou uma série de textos a turma. Daniel e Ítalo tomaram a si a tarefa de começar a construir a montagem do texto mais conhecido de Bosco Brasil.
A princípio, um fragmento de dez, vinte, trinta minutos, a tarefa exaustiva e intensa de construir os personagens a partir de uma investigação de dupla-hélice: Por um lado, se utilizando do Sistema Stanislawski, na pesquisa da ação, das mudanças e transições imanentes ao texto, verificando as transformações que atravessam cada personagem, os lugares de fronteira e de passagem; e por outro lado, os filmes assistidos e a leitura de livros e documentos que registrassem o drama e a perseguição dos deportados nos campos de trabalho escravo durante a ofensiva nazifascista ao largo do conflito mundial entre as grandes potências imperialistas. Tratava-se de compreender a fundo a experiência de não-lugar que atravessa e demarca os personagens Clausewitz e Segismundo, no texto de Bosco Brasil:
eles perderam tudo, a língua, a pátria, o território, a profissão, a família, a casa, a história, é um completo sem lugar, e no caso de Segismundo, sequer a lembrança de quem foram os pais, ele que crescera em um orfanato, não sabe sequer o sentido e a origem de seu nome. São personagens de uma sociedade sem memória e sem projeto de futuro. Os personagens de Bosco Brasil estão neste embate entre o que os determina e o que eles podem em meio a isto.
E tudo parece estar equilibrado de forma precária no que lhes resta e lhes escapa, a lembrança do que pesa, aterra e intoxica, a memória do vivido – imagens que vão e que vêm como a um caleidoscópio que mostra e esconde, que revela e retém. Não a memória fáustica dos grandes feitos de que se celebra nas datas oficiais sob a gesta do Estado, mas a memória do desastre, a lembrança do que se perdeu e do como se forjou esta perda, este assalto a ruína o sequestro, este despenhadeiro no que cai o corpo em queda livre, e no que desaba o corpo dele se lhe caem as palavras que (já) não são capazes da tarefa e do dever do testemunho de tão represadas estão uma vez que doem, que fustigam o que se busca aquietar, e que remontam aos cacos do terror que explode numa grita porque reavivam o dilacero das mortes chegadas aos pedaços.
E Clausewitz quer esquecer, ele precisa esquecer, se desvencilhar da língua na que cabem estes verbos, estas inflexões, estas cenas encarnadas:
Eu estava no palco quando os alemães cruzaram a fronteira do meu país. Como todas as noites. A companhia decidiu nem interromper a sessão. Mas no dia seguinte o teatro estava fechado. Fiquei em casa. Foi a primeira vez em dez anos que eu passei uma noite fora do palco. Tanta coisa tinha acontecido na Europa! E eu, no palco, esse tempo todo. Por isso eu acho que foi uma espécie de alívio quando não tive que fazer minha maquiagem naquela noite. Acho… acho que cheguei mesmo a pensar que, afinal, tinha chegado a hora de viver a vida. A vida… Os dias foram passando e eu não saí para a rua. Via tudo da janela. Eu não sabia o que fazer no meio daquela confusão. Eu era um ator! Não sabia carregar um fuzil, não sabia curar uma ferida… O melhor era ficar em casa. Até o dia em que foram me buscar. Não tive medo, não. Achei outra vez que, de alguma maneira, eu estava vivendo. Vivendo enquanto presenciava todo o horror. Porque era a única coisa que eu podia fazer: estar presente. E guardar na memória. Eu estava presente quando mataram o professor Cracowiack. Eu estava presente quando encontraram o corpo do meu pai, que tinha se suicidado com um arame no pescoço. Eu estava presente quando meus amigos caíram metralhados na fuga pela fronteira. Eu estava presente quando deixei minha mulher no hospital em Paris, esperando para morrer. Eu não vivi. Eu colecionei lembranças.
E Clausewitz se lançará ao exílio no que singra para os longes o mais que puder. Ir em direção ao que lhe é imenso novo, outra terra, outro continente, outro povo, outra língua na que as consoantes perderam a função, um idioma falado por crianças e brincantes, ao seu modo de ver.
Ítalo Villani nos conta que, dentre as tarefas de investigação, lhe coube compor a justa forma dessa palavra falada por este imigrante, o seu encaixe sonoro, o arrastar não afetado ou forçado da linguagem-ocupada. Ocupação afetiva e política. É que Ítalo encarnou, brilhante, a artesania de que buscava Clausewitz, a condição de reinventar-se na & pela língua portuguesa falada no Brasil, seu acento cantado, a riqueza múltipla dos quadrantes da nação-continente, procurando – necessário for – ousar ‘outramentos’, tornar-se um braço forte para a lavoura de que o país precisa, arar a terra, golpeá-la viril na sua aridez, fecundá-la obstinado de sementes caboclas.
Clausewitz, aquele que quer esquecer, mas que está povoado de lembranças do horror, não sabe e não poderia saber, entretanto, dos conflitos agrários, da apropriação e saqueio contínuos operados pelo latifúndio monopolista e improdutivo, da morte matada de severinos, de marias, de antônios, de jovelinos, de leontinas, de juvenais. Clausewitz desconhece as sanhas do trabalho escravo, dos casebres de barro, das cacimbas da sede, dos paus de arara, do carro de boi, da desumanização da vida regrada sob as teias da superexploração da mão de obra, da servidão imposta pelos capangas e pelos gatos-agenciadores, do massacre de Pedra Bonita, ou do Arraial de Canudos, ou de Eldorado dos Carajás, ou de Corumbiara – antes durante depois, a roda quadrada do tempo que não passa e persiste.
Clausewitz não sabe esta nuança, a cadência atonal na que tremulam as gentes quando a um conflito de vida e morte. Segismundo precisará emprestar palavras para uso diário – como se fossem expressões-valise de serventia vária àqueles que chegam desarmados. Talvez que tais palavras emprestadas lhe sirvam como instrumentos de corte e autodefesa, for o caso vingar o salvo-conduto.
3
Segismundo propõe um jogo um desafio a Clausewitz e a seu tonel estafado de lembranças. Jogo/desafio que é a expressão exata do arbítrio como franja paralegal e infra estatal no que se conforma o Estado burguês classista e suas redes de inteligência, informação e ilegalismos; em seu dispositivo jurídico-penal com suas bordas e subterrâneos plasmados por ações de grupos de tarefas nas que, um dia/todos os dias, tipos como Segismundo esteve/estão a postos fazendo girar a máquina cega e burocrática da opressão capitalista.
São palavras do personagem Segismundo:
Antes de me mandarem para este posto, eu fazia uns serviços para a Polícia Política…Quem me arrumou o emprego foi um padrinho. Ele era um dos chefes lá dentro. Me trouxe do Rio Grande porque confiava só em mim. Sabia que eu dava conta do recado. Alguém tinha que fazer o serviço. Fazer aquele pessoal falar. Às vezes não queriam nem que aquele pessoal falasse. Era só dar um susto. Sabe, eu sempre gostei de dar um bom susto. É… enquanto precisaram de mim eu fiz muita coisa para eles. Cansei de ver o sujeito chegar de cinquenta dias sem ver o sol, mijando na mesma bacia esse tempo todo, e ainda ter de ficar mais vinte horas de joelhos. Os meus rapazes raspavam os pelos do corpo do sujeito, davam uns beliscões e se divertiam atirando uma lata no topo da cabeça dele. Quando caía de cara no chão, aí sim, aí era hora de começar. Eu puxava o sujeito pelos cabelos e não o deixava dormir. Queimava o corpo inteiro do sujeito com ponta de cigarro, até no saco. Depois jogava óleo de rícino em cima. Batia com o cassetete até não enxergar mais o rosto do detido. Enfiava pimenta no cu dele com um clister deste tamanho. E o sujeito ainda tinha que limpar toda a bosta do chão. Ou eu batia mais com o cassetete. Para os mais difíceis eu tinha um expediente: enfiava a ponta que ficava para fora com um maçarico. O sujeito parecia um leitão na hora da matança. Quando acordava pedia para assinar o depoimento. No Brasil, tudo tem que terminar em um depoimento assinado. Como este aqui.
Nada que se fundamente nas alíneas do Código Penal ou nos protocolos de conduta que regulamentasse as ações dos agentes da lei ou de funcionários da imigração, onde, agora, por força das conveniências, Segismundo é o agente-interrogante. Apesar disto, este jogo/desafio é o expediente sacado dos humores da hora, Segismundo se lhe volta a Clausewitz. É que Clausewitz, há pouco, descera de um navio que saíra da Polônia, aportando, em trânsito, na cidade de Manchester, ao noroeste da Inglaterra. Lá, Clausewitz conseguira junto ao Consulado brasileiro um visto para ingressar no país. Entretanto, em seu passaporte não há nenhum carimbo que lhe garanta a permanência, coisa que apenas e tão somente se lhe fará possível mediante um salvo-conduto assinado por Segismundo.
Ao desembarcar do navio, Clausewitz ainda não chegara no Brasil, chegara apenas e tão somente no não-lugar onde àqueles objetos estavam dispostos. Naquele recinto escuro e vulgar onde o ator Daniel Braga costurou de forma ótima e modulada a personagem do antigo torturador. Nada que seja fácil e pouco custoso, sobretudo quando se tem que defender o personagem que se encarna, que se presentifica, e Segismundo, de estafeta cumpridor de ordens se forjará de jogador em desafio de apostas, e Segismundo posará de pequeno déspota, mirando o tempo correndo no mostruário de um relógio de pulso, os ponteiros rasgando as chances de Clausewitz, dez minutos, não mais do que dez minutos separam as distâncias entre o vapor que seguirá para Malvinas e a permanência no Brasil, um Brasil que Clausewitz ainda não conhece porque sequer que lhe depositou os pés, ele que a este momento está em suspenso, fora do tempo e, paradoxalmente, tragado pelo tempo dos minutos que lhe sangram, ele que não conhece o fel das palavras no português falado pelos mascates e rufiões, eles que está apenas e tão somente a este espécie de entreposto, de bunker subterrâneo, de escritório-porão em que Segismundo estica as pernas e coça a barriga.
São palavras de Segismundo:
– Vamos fazer um trato. O senhor tem dez minutos para me fazer chorar. Me conte suas histórias da Guerra. Se eu não chorar nos próximos dez minutos por causa das suas lembranças, o senhor embarca no navio. Se eu chorar… está vendo este salvo-conduto? É seu.
Furtemo-nos de seguir o desenrolar do enredo. Apenas adiantamos que Clausewitz seguirá no Brasil aprofundando o conhecimento que dele lhe faltava àquele instante. Na certa que terá, e ele e outros tantos tiveram, linha e agulha para costuras diversas.
Como última palavra, destacaria a força a vitalidade a pertinência de um teatro como este realizado pelos esforços de uma produção independente, à margem dos editais e dos investimentos de qualquer monta. Teatro que lança suas fichas no embate com o público que vai ver, e se toca, e se balança, e se deixa incomodar sobremaneira, e que dialoga e leva para si o que de melhor lhe couber.
Publicado em: 2025-02-23 08:00:00 | Autor: André Queiroz |