Manifestações, protestos e mobilizações estão ocorrendo em Florianópolis em defesa da Tarifa Zero, após enorme aumento no preço das passagens, de R$6,00 para R$6,90, representando um aumento de 15% no preço, como relatado por AND. O aumento mais alarmante foi a tarifa da modalidade estudante social, que garantia gratuidade para estudantes de baixa renda, e agora custa R$ 1,78. Desde então, vigorosas manifestações têm ocorrido denunciando a política reacionária de superexploração do povo e erguendo a bandeira da Tarifa Zero. Se juntaram às mobilizações diversos movimentos e coletivos democráticos, como o Movimento Passe Livre, o Movimento Maruí, bem como grupos ligados à arte e cultura populares da cidade.
A mobilização acontece após um histórico de longas lutas pela pauta, anteriormente chamada de Passe-Livre pelos movimentos da cidade. A jornada de lutas remonta ao começo dos anos 2000, quando a mobilização independente levantou enormes protestos das massas trabalhadoras. Em junho de 2004, houve a Revolta da Catraca, que levou as massas às ruas, paralisando a cidade. Os dias dos protestos foram considerados dias facultativos em diversas empresas e no serviço público, tamanha era a insatisfação popular, que revogou o aumento.
Em maio e junho de 2005, voltam a ocorrer gigantescos protestos após um aumento de 8,8% no preço das passagens. A mobilização popular, então, tem como uma das suas principais bases o movimento estudantil da cidade. Tais protestos estão registrados no documentário “Amanhã vai ser Maior”, que relata os protestos diários que ocorriam na cidade. Os combativos protestos chegaram a incendiar a Câmara dos Vereadores da cidade, bem como a sede das empresas de transporte da cidade. Tamanha foi a revolta popular que o projeto foi aprovado, mas sorrateiramente anulado posteriormente.
A mobilização em torno da pauta continuou ao longo dos anos, de 2006 a 2009, capitaneada pelo Movimento Passe Livre e pelo Movimento Estudantil. Foi em 2010 que, novamente, os atos em torno da pauta tomaram as ruas de maneira massiva, enfrentando a repressão policial e inflamando a massa da população de Florianópolis.
A luta contra os aumentos das passagens seguiu até as Jornadas de Junho de 2013, em que grandiosos protestos eclodiram na ilha (assim como nas demais capitais brasileiras), interrompendo o fluxo de importantes vias da cidade, como a Ponte Colombo Salles e a Beira-Mar Norte. Esses protestos reuniram milhares de pessoas. De 2014 a 2016, houve imagens como as de 2013, do trancamento de vias devido às mobilizações pela Tarifa Zero, que podiam ser vistas constantemente.
Esse ano, após um período de certa diminuição no número e tamanho dos protestos envolvendo a pauta, movimentos democráticos voltaram às ruas em combativas manifestações, primeiramente no dia 10 de janeiro e então no dia 17 de fevereiro. Os manifestantes, no primeiro ato, agitaram as massas com panfletos sobre a pauta, bloquearam vias da cidade e prestaram solidariedade à causa palestina, carregando uma grandiosa bandeira palestina ao longo do ato e queimando uma bandeira do estado sionista de Israel e outra dos Estados Unidos.
O segundo ato, de 17 de fevereiro, ocorreu após um calendário de mobilizações, de “duas semanas de preparação e uma de ação”. Nas semanas de preparação, ativistas se fizeram presentes nos diversos terminais da cidade, panfletando sobre a pauta. Diversos eventos culturais também foram realizados com o tema da Tarifa Zero, como cinedebates no centro da cidade, slams de poesia e batalhas de rap.
Debaixo de fortes chuvas, o ato novamente saiu em marcha do terminal central da cidade (TICEN) e percorreu as ruas centrais. Os manifestantes acenderam um sinalizador vermelho no meio do ato, agitando as massas nessa luta, ato pelo qual foi demonstrado imenso apoio da parte dos trabalhadores dos comércios próximos.
As mobilizações continuam, buscando dar continuidade ao histórico de combativas Revoltas das Catracas. Movimentos democráticos visam romper o imobilismo e engajar as massas de trabalhadores e estudantes nessa luta tão importante para a conquista do direito à mobilidade.
Publicado em: 2025-03-11 17:38:00 | Autor: Igor Totti |