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Análise: EUA quer impor ao mundo uma nova guerra às drogas ‘travestida de combate ao terrorismo’
Análise: EUA quer impor ao mundo uma nova guerra às drogas ‘travestida de combate ao terrorismo’
Sputnik Brasil
Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas afirmam que as facções criminosas brasileiras não podem ser tipificadas como terroristas por não ter motivação… 14.05.2025, Sputnik Brasil
2025-05-14T16:10-0300
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O governo brasileiro informou ao chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA, David Gamble, que não classifica as facções criminosas brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como grupos terroristas.Enviado pelo governo norte-americano ao Brasil com a missão de questionar o governo brasileiro sobre o tema, Gamble e sua comitiva se reuniram na semana passada com técnicos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) que expressaram a posição do Brasil.O envio de Gamble ao país é mais uma tentativa de Washington de pressionar o Brasil para seguir a diretriz norte-americana anunciada pelo governo Trump, que poucos dias após tomar posse afirmou que classificaria facções do narcotráfico mexicano como organizações terroristas.Apesar da pressão norte-americana, “o que faz uma organização criminosa ser classificada como terrorista é o fato de ela ter uma motivação ideológica, política ou religiosa”, aponta José Ricardo Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina (Inscrim) à Sputnik Brasil.Por via de regra, esses grupos praticam atentados contra as instituições do Estado e também contra a população civil, detalha o perito em criminalística e criminologia.Conforme explica Bandeira, que é membro ativo da Associação Internacional de Polícia (IPA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos tem a liberdade e autoridade para classificar, dentro de seu território, essas organizações brasileiras como terroristas.No entanto, isso não confere à Casa Branca liberdade para combatê-las dentro do território brasileiro. Ou seja, em termos reais isso não terá “nenhum efeito prático dentro do território nacional”.O antropólogo Robson Rodrigues, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e coronel da reserva da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), enfatiza que a linha que separa segurança pública de terrorismo é tênue.”O terrorismo é um problema de segurança pública, afinal de contas ele promove medo e insegurança nas pessoas”, diz. Mais do que abrir espaço para divergências na forma em que cada país trate do tema, essa área cinzenta auxilia Washington em sua busca por ampliar o consenso do que é o terrorismo.Iniciada pelo presidente norte-americano Richard Nixon em 1971, a chamada guerra às drogas “gerou muito mais problemas que solução para o campo da segurança pública”, diz o especialista. “É um guerra perdida”.Hoje essa mesma postura da guerra às drogas “vem travestida como guerra ao terrorismo”, argumenta Rodrigues. “É uma postura belicista apontada para determinados setores da sociedade e para países periféricos dessa ordem capitalista global.”Rodrigues considera que, na perspectiva das relações internacionais, é impensável que Washington possa interferir na jurisdição brasileira sobre o tema, pois em um contexto de paz entre as nações seria uma afronta à soberania nacional brasileira. Tampouco considera que a questão possa resultar em uma intervenção militar no país.Professor do departamento de Sociologia e Metodologia em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniel Hirata, crava que se as organizações criminosas brasileiras passem a ser tipificadas como terroristas, os efeitos seriam deletérios.”Muito piores do que aquelas que temos visto nos últimos anos, que já utilizam instrumentos inadequados.”Para o especialista, o enfrentamento errôneo aos grupos criminosos pode agravar a questão do conflito armado nos estados brasileiros e abrir espaço para conversas sobre uma “intervenção internacional” no país. “O que não é de interesse nem do Estado brasileiro e nem da população brasileiro.Para Hirata, o importante seria estabelecer uma cooperação feita a partir de informações de inteligência e troca de conhecimento que as várias instituições e órgãos detêm sobre esses grupos.
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Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas afirmam que as facções criminosas brasileiras não podem ser tipificadas como terroristas por não ter motivação política, religiosa e ideológica, e que tentativas dos EUA de enquadrá-las como tal visa impor ao mundo uma nova guerra às drogas travestida de combate ao terrorismo.
O governo brasileiro informou ao chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA, David Gamble, que não classifica as facções criminosas brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como grupos terroristas.
Enviado pelo governo norte-americano ao Brasil com a missão de questionar o governo brasileiro sobre o tema, Gamble e sua comitiva se reuniram na semana passada com técnicos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) que expressaram a posição do Brasil.
Apesar da pressão norte-americana, “o que faz uma organização criminosa ser classificada como terrorista é o fato de ela ter uma motivação ideológica, política ou religiosa”, aponta José Ricardo Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina (Inscrim) à Sputnik Brasil.
Por via de regra, esses grupos praticam atentados contra as instituições do Estado e também contra a população civil, detalha o perito em criminalística e criminologia.
“Não existe na estrutura das organizações criminosas do Brasil essas motivações. O que existe é somente uma vontade de se obter lucro.”
Conforme explica Bandeira, que é membro ativo da Associação Internacional de Polícia (IPA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos tem a liberdade e autoridade para classificar, dentro de seu território, essas organizações brasileiras como terroristas.
“Porque o Brasil é uma nação soberana, nós somos soberanos.”
O antropólogo Robson Rodrigues, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e coronel da reserva da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), enfatiza que a linha que separa segurança pública de terrorismo é tênue.
“O terrorismo é um problema de segurança pública, afinal de contas ele promove medo e insegurança nas pessoas”, diz. Mais do que abrir espaço para divergências na forma em que cada país trate do tema, essa área cinzenta auxilia Washington em sua busca por ampliar o consenso do que é o terrorismo.
“E assim, me parece que queira pautar a comunidade internacional em torno desse tema, como fez outrora em relação às drogas.”
Iniciada pelo presidente norte-americano Richard Nixon em 1971, a chamada guerra às drogas “gerou muito mais problemas que solução para o campo da segurança pública”, diz o especialista. “É um guerra perdida”.
5 de dezembro 2024, 20:55
Hoje essa mesma postura da guerra às drogas “vem travestida como guerra ao terrorismo”, argumenta Rodrigues. “É uma postura belicista apontada para determinados setores da sociedade e para países periféricos dessa ordem capitalista global.”
Rodrigues considera que, na perspectiva das relações internacionais, é impensável que Washington possa interferir na jurisdição brasileira sobre o tema, pois em um contexto de paz entre as nações seria uma afronta à soberania nacional brasileira. Tampouco considera que a questão possa resultar em uma intervenção militar no país.
“Apesar de essa medida criar discursos, fantasias, animando expectativas golpistas de alguns, qualquer movimento nesse sentido seria considerado crime por atentar contra o estado democrático direito.”
23 de setembro 2024, 16:10
Professor do departamento de Sociologia e Metodologia em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniel Hirata, crava que se as organizações criminosas brasileiras passem a ser tipificadas como terroristas, os efeitos seriam deletérios.
“Muito piores do que aquelas que temos visto nos últimos anos, que já utilizam instrumentos inadequados.”
Para o especialista, o enfrentamento errôneo aos grupos criminosos pode agravar a questão do conflito armado nos estados brasileiros e abrir espaço para conversas sobre uma “intervenção internacional” no país. “O que não é de interesse nem do Estado brasileiro e nem da população brasileiro.
“De fato a cooperação internacional pode ser feita sobre outras bases que não essas assentadas sobre o conceito de terrorismo.”
Publicado em: 2025-05-14 16:10:00 | Autor: |