A futura eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, no próximo dia 1º de fevereiro, causou um racha no DEM. Mesmo com a intenção declarada do presidente do partido, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, de apoiar a candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), correligionários como os deputados baianos Arthur Maia (DEM) e Elmar Nascimento (DEM), que teve sua candidatura preterida, já manifestaram apoio ao bloco de Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão bolsonarista.
Em entrevista ao programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM (103.9), nesta quinta-feira, 7, o deputado Arthur Maia negou que a posição do partido já tenha sido tomada e afirmou que espera que o presidente da legenda coloque o assunto para discussão.
“O presidente ACM Neto é uma pessoa pela qual tenho o maior respeito. Tivemos algumas conversas sobre essa questão e ele colocou que esse assunto ainda será discutido. Não existe ainda uma posição partidária e sei que ele jamais tomaria uma posição em função da sua posição pessoal, então o partido ainda não tem essa definição. Fiquei surpreso quando vi ontem no Jornal Nacional uma listagem de partidos que supostamente estariam apoiando a candidatura do deputado Baleia Rossi e entre os quais estava o DEM”, afirmou o deputado.
De acordo com ele, a posição oficial da legenda só sera definida na hora da formação dos blocos, mas a candidatura do pepista Lira teria a preferência da maioria dos vinte e oito democratas com voto na Casa. Em uma apuração do UOL, um deputado teria afirmado em sigilo que pelo menos 20 nomes irão fechar questão com o candidato do PP.
“A posição oficial só será revelada na hora de formar o bloco. E eu considero que o bloco que apoia Arthur Lira tem a maioria das assinaturas. O governador Ronaldo Caiado (DEM-GO) já afirmou que não irá apoiar um bloco que contenha PT e PCdoB e os dois deputados do partido em Goiás seguirão a posição. Aqui na Bahia somos eu, Elmar, Leur Lomanto, Paulo Azi e Igor Kannário. Elmar já deixou claro o apoio a Lira. Leur já me manifestou claramente que também não ficará no bloco que Maia está montando. Paulo Azi ainda não conversei mas também tem uma relação próxima com Lira”, afirmou.
Embate com Rodrigo Maia
Apesar da preferência exposta, Arthur Maia afirmou que estaria aberto ao diálogo para sacramentar a sua posição e que só se opõe a uma decisão monocrática tomada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre seu sucessor.
“Eu não posso, sem ouvir a opinião dos outros membros do meu partido, dizer que não vou votar em alguma candidatura. Estou apoiando Lira, vejo que ele é a melhor candidatura, mas estou aberto ao diálogo. O que não dá, é uma decisão de cima pra baixo. É Rodrigo Maia se achar dono do DEM e querer impor uma decisão sem consultar o partido. Reitero que o partido não tem posição e que na minha visão, a bancada apoia majoritariamente a candidatura de Arthur Lira”, disse.
Questionado sobre a aproximação de Lira com o governo do presidente da República Jair Bolsonaro (Sem partido), que chegou a prometer cargos para os partidos que fecharem questão com o pepista, Arthur Maia disse que a prática, apesar de não ser ideal, foi uma constante de todos os governos anteriores e que uma possível eleição de Lira não tornaria a Câmara subserviente ao Governo Federal.
“O Rodrigo Maia usou largamente os cargos do governo de Michel Temer na hora de se reeleger. Ele se coloca como oposição ao Governo Federal e um aliado do PT e do PCdoB, que o sustentaram na Câmara, e por isso ele não quer apoiar o Lira pois julga que é uma candidatura mais próxima do governo. Eu não vou fazer oposição cega a governo nenhum. O governo jamais deixou de atuar para favorecer seu candidato. O ideal seria que isso não acontecesse mas vamos falar do mundo real? Não é uma novidade desse momento e não acho que isso signifique que a Câmara vá ser subserviente ao governo”, ponderou.