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“Nós precisamos que o país tenha paz e volte a crescer”

Futuro presidente da Frente Evangélica, Cezinha de Madureira quer votar pautas de costumes. Parlamentar nega que haja divisão na bancada e exalta diálogo político

O deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP) vai assumir a liderança de uma das maiores bancadas do Congresso Nacional, em termos numérico e de barulho: a evangélica. O parlamentar está em seu primeiro mandato e vai comandar o grupo que conta com 195 nomes, sendo que a maioria esmagadora apoia Jair Bolsonaro. 

Em entrevista a O TEMPO, o religioso faz questão de ressaltar a proximidade que tem com o Palácio do Planalto, mas nega que o Executivo vá influenciar nas decisões dele. Essa defesa de Bolsonaro fica ainda mais gritante depois de ele responsabilizar o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pelo fato de as pautas conservadoras não andarem na Casa. 

Ele afirma que isso tudo pode mudar se o líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL), for eleito como presidente do Legislativo e completa que a aliança ao progressista ainda está sendo trabalhado na bancada. Lira é o candidato apoiado pelo presidente da República:

“A bancada não está feliz com a condução do Maia. Ele pautou algumas coisas que não contavam no compromisso dele conosco”.

O nome de urna de Cezinha faz referência a uma das maiores denominações evangélicas do Brasil, a Assembleia de Deus – o Ministério Madureira. Ele entrou na política justamente com a ajuda de um dos líderes da igreja, Samuel Ferreira. Nas eleições de 2014, Cezinha foi eleito como deputado estadual e, após quatro anos, dobrou o patrimônio de R$ 230 milhões para R$ 469,2 milhões. Os dados constam no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

O fato de ser novato na Câmara foi um dos temas que marcaram a disputa pelo comando do grupo, já que nos bastidores diziam que ele estava “querendo sentar na janela”. O principal adversário foi Sóstenes Calvacante (DEM-RJ), membro da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, liderada pelo pastor Silas Malafaia. O fluminense retirou a candidatura após perceber que, numa eleição, seria derrotado.

Inicialmente, se falava de um compartilhamento de mandato entre os dois, mas Cezinha descartou essa possibilidade. Ele garante que não há rusgas entre os dois, mesmo que já defenda que um senador assuma o posto de liderança da bancada em 2022. “O presidente da República compartilha os quatro anos de mandato com alguém? Não. O estatuto diz que o mandato é de um ano, então eu vou trabalhar um ano”.

Qual vai ser a pauta prioritária da bancada evangélica para 2021?

É a conservadora. Em segundo, nós precisamos tratar a falta de união do país. Nós precisamos que o país tenha paz e volte a crescer. A pauta econômica também precisa dar certo. Para isso, nós precisamos nos unir, trabalhar agora para a eleição (da presidência) da Câmara, achar um consenso e ter um presidente que consiga pautar interesses do governo.

Quando o senhor fala de pautas conservadoras, isso envolve vários temas. Tem algum específico?

Por exemplo, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) tentou pautar a viabilização da maconha. Nós não podemos deixar (sem amparo) as pessoas que precisam do remédio, que precisam do canabidiol. Mas, nós não temos estrutura no Brasil, não temos os costumes que venham deixar a autorização do plantio do canabidiol no Brasil. Então, nós temos que achar uma saída com o governo para que o Ministério da Saúde banque isso e traga de fora. A bancada conservadora vai se posicionar contra isso, contra os jogos. E o Rodrigo (Maia) pautou esses temas agora, o que não é legal pra gente.

Por que a bancada está insatisfeita com a condução feita pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia?

A bancada não está feliz com a condução do Maia. Ele pautou algumas coisas que não contavam no compromisso dele conosco, como o canabidiol, o Fundeb, que teríamos aí o acréscimo de outras atividades, e a esquerda trabalhou muito com o apoio do Maia contra a gente.

Mas vocês já fecharam total apoio a Arthur Lira?

Eu, particularmente, fechei com ele e vou construir com a bancada. Não posso ainda falar pela bancada. A política é uma construção, cada um é de um partido, mas nós estaremos trabalhando e conversando sobre as possibilidades. Como eu tive mais de 80% de apoio da bancada para a minha eleição como presidente, tenho que respeitar a minoria que não se dispôs a me apoiar e também a maioria maçante que me deu apoio. Por isso, tenho que conversar para achar um caminho, um consenso.

Sobre a eleição para a presidência da bancada evangélica, ficou alguma rusga entre o senhor e o Sóstenes Calvacante (DEM-RJ)? Vai ser mesmo um mandato de um ano?

Nunca existiu nenhuma rusga. O estatuto diz que (o mandato da) Frente Parlamentar é de um ano. Então, se o Sóstenes construir para ser o próximo (presidente), ele será. Se ele não construir, não será. Não existe compartilhamento de mandato. O presidente da República compartilha os quatro anos de mandato com alguém? Não. O Sóstenes é meu amigo. Mas aquela história (que falaram sobre mim) de que “acabou de chegar e já quer sentar (na janela)” não existe. Política é construção. Não existe nenhuma briga entre mim e o Sóstenes, o que existe são pensamentos diferentes. E, hoje, como o Sóstenes é um pensamento mais agressivo, eu sou de construção.

Disseram que, com o senhor, o Palácio do Planalto é que vai assumir o comando da bancada…

Não. Eu tenho proximidade pessoal com o presidente Jair Bolsonaro, com os ministros e, com certeza absoluta, terei a possibilidade de resolver mais as pendências dos parlamentares da Frente. Pela nossa aproximação, pelo nosso carinho, vou falar direto com presidente, ele sempre deixou a porta aberta para nós, igreja. Então, eu vou aproveitar isso. O Palácio manda no Palácio, o Congresso manda no Congresso. A Frente tem as suas pautas independentes, que por acaso se identificam com as pautas do presidente.

O presidente Jair Bolsonaro vetou em setembro o projeto de lei que levaria o perdão de R$ 1 bilhão em dívidas para as igrejas. A bancada vai trabalhar para derrubá-lo? A equipe econômica deu alguma sinalização?

Eu trabalhei pessoalmente com esse assunto, fiz acordo com o Senado, com a Câmara, com a equipe econômica, com o Palácio e vamos derrubar o veto. Esse é o assunto que eu trabalho pessoalmente desde o início, e já está confirmado, tem acordo. A próxima pauta que tiver vai entrar o veto, e nós vamos derrubá-lo.

O senhor foi o primeiro deputado federal a contrair a Covid-19. Qual avaliação do senhor sobre essa polêmica com as vacinas…

O governo federal tem ações e informações que nenhum Estado tem. Então, quando o presidente fala do jeito dele, ele está correto em algumas explanações, o governo federal é quem terá aí uma força maior para vacinar o povo, fará da forma correta e, com certeza, nós chegaremos aí até o meio do ano que vem com o povo vacinado. 

E o senhor vai se vacinar?

Vou vacinar, claro que vou. Vou vacinar na que tiver o selo da Anvisa.

 

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