Após a intervenção do governador Rui Costa (PT) na disputa pelo comando da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), o deputado Adolfo Menezes (PSD) deverá ser eleito o novo presidente da Casa. Nesta terça-feira, 12, o bloco de oposição na Alba declarou apoio à Menezes, assim como deputados estaduais de diversas bancadas e partidos.
Dos cinco nomes ventilados, incluindo Adolfo Menezes, dois já recuaram, restando virtualmente na disputa os deputados estaduais Niltinho (PP) e Vitor Bonfim (PL). Samuel Jr (PDT) e Fabrício Falcão (PCdoB) não estão mais no pleito e vão apoiar o parlamentar do PSD.
Dos 63 deputados, apenas nove ainda não declararam apoio ao candidato do PSD. Sete são deputados do PP: Aderbal Caldas, Antonio Henrique Junior, Eduardo Salles, Júnior Muniz, Nelson Leal, Niltinho, Robinho. O deputado estadual do PL, Victor Bonfim , e do PSOL, Hilton Coelho também não se manifestaram. Por outro lado, dois deputados do PP, Jurandy Oliveira e Dal, já declaram apoio a Adolfo Menezes.
Apesar do apoio declarado de partidos, por ser uma votação fechada, não está descartada abstenções ou candidatura de última hora. Após emplacar o candidato, Rui Costa trabalha agora para que o rito se dê por aclamação e, para isso, segundo apurou o A TARDE, deverá marcar uma reunião com o vice-governador, secretário de Desenvolvimento Econômico e presidente do PP Bahia, João Leão, para apaziguar os ânimos do PP após sua intervenção na disputa. A reunião está prevista para quinta.
Articulação forte
A escolha de Adolfo mostra a força da articulação política do governador na resolução de um imbróglio que teve início após o presidente da Casa, Nelson Leal (PP), sinalizar o desejo de se manter no posto máximo da Alba. O desejo de Leal esbarrou na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em dezembro, vetou a recondução dos presidentes das Casa Legislativas na mesma legislatura.
Com isso, Nelson e o PP, através de seu presidente estadual, o vice-governador João Leão, costuraram um plano B para manter a chefia da Alba, através do lançamento da candidatura do deputado estadual Niltinho (PP).
A decisão do PP afetava um pacto costurado pelos deputados estaduais que almejavam o controle da Alba com a presença do governador da Bahia em 2019, que alinhava uma oxigenação na Casa, sendo Nelson alçado à presidência em 2019 e Adolfo Menezes assumindo o posto em 2021.
Para solucionar o impasse, Rui Costa utilizou como estratégia uma eleição interna, na qual Niltinho e Adolfo teriam de mostrar força, através do número de parlamentares da base que estariam ao seu lado. A eleição interna nem chegou a acontecer, já que, ainda na segunda, com o cenário desfavorável, deputados do PP se reuniram com o governador para hastear a bandeira branca, segundo apurou o A TARDE.
O líder da bancada governista, o deputado Rosemberg Pinto (PT), defensor do acordo de 2019, que ajudou a costurar, classificou o fim do desfecho como a “garantia da unidade da base do governo na Casa”.
“É muito importante a manutenção da palavra dada há dois anos. Na política, temos sempre que ter palavra, por isso, não esperava outra coisa, a não ser a prevalência do acordo feito lá atrás. Com isso, temos a garantia da unidade da base do governo na Casa e a construção de uma relação em torno dessa unidade”, destacou Rosemberg.
Ex-candidato e agora cabo eleitoral de Adolfo Menezes, o deputado l Samuel Jr. (PDT) explica que seu recuo foi motivado pela construção de uma unidade na disputa pela presidência da Alba. “O nosso discurso sempre foi pela unidade da Casa. Percebemos que o nome de Adolfo Menezes tinha possibilidades maiores de alcançar uma unanimidade, uma vez que vários colegas expressaram o desejo de votarem nele. E por isso, o PDT está 100% com Adolfo”.
O PCdoB é outra legenda que escolheu apoiar o candidato do PSD na disputa pela presidência da Casa. A decisão do partido, segundo explicou o presidente estadual do partido e secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Davidson Magalhães, foi adotada na noite da última segunda-feira, 11, ao saber que o governador da Bahia, Rui Costa (PT), tinha chegado a um consenso em torno no nome de Menezes após uma reunião com deputados do PP.
“Nós ajudamos na construção desta unidade da base. O PCdoB sempre defendeu que não houvesse racha e nem bate chapa. Antes da oposição ou lideranças irem a público declarar apoio para Adolfo, já havíamos feito diretamente para ele. Achamos por bem esperar o governador se posicionar sobre o tema para depois reforçarmos o apoio, mas como não houve esse anúncio do governador e como os partidos e lideranças estão indo à imprensa para manifestarem suas posições, não tem mais o que aguardar, o PCdoB apoiará Adolfo Menezes”, declarou Davidson Magalhães.
Oposição se posiciona
O bloco da oposição também fechou unidade para caminhar com Menezes no pleito que será realizado no início de fevereiro. “Fizemos um roteiro. Primeiro, nós unificamos a bancada. Depois, com a bancada unida, nós fomos conversar para saber qual era o sentimento de sua maioria. O sentimento de adesão ao nome de Adolfo Menezes prevaleceu e a maioria venceu”, explicou o líder da bancada, o deputado Sandro Régis (DEM).
Questionado se o pacto em torno do nome de Menezes foi após ele dar uma garantia de que não alteraria o espaço de poder que o bloco de minoria tem hoje na Casa, Sandro Régis respondeu que isso não foi tratado nas conversas que tiveram com o candidato.
“Tratamos com Adolfo institucionalmente, não teve nada desse tipo de conversa. Foi uma decisão do consenso, da maioria. A Casa precisa entrar em um entendimento para que a eleição seja feita em consenso”, defendeu o líder da oposição na Alba.
O bloco de oposição da Alba comanda a Fundação Paulo Jackson, que faz a gestão da TV Alba e Rádio Alba, há várias gestões, além de estar na chefia da 2º secretaria da Alba. Informações de bastidores davam conta de um interesse do PT em utilizar o pleito para conseguir o controle da Fundação Paulo Jackson.
“A oposição não pode errar, o objetivo é manter os espaços de poder e se possível expandir. Não dá para declarar apoio em um candidato que possa perder”, disse um deputado do bloco de Minoria, que não quis se identificar