Animação inspirada em mito da cultura yorubá sobre a criação do universo estreia em ambiente imersivo

EMI – O Sopro da Vida apresenta jornada sensível que vai de encontro à lógica colonial, conectando espiritualidade, natureza e humanidade

Nos dias 4 e 5 de junho, a programação do TokenNation 2025, principal encontro de cultura Web3 da América Latina, que acontece no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, recebe a estreia da animação EMI – O Sopro da Vida, uma experiência imersiva digital inspirada no mito yorubá da criação do mundo. Nesta terceira edição do festival, que busca fazer com que a tecnologia conecte ainda mais arte, cultura, educação, sustentabilidade e negócios, a obra é um manifesto de decolonialidade estética e espiritual, que celebra a ancestralidade afro-brasileira ao narrar o surgimento da vida, da Terra e da humanidade por meio dos orixás enquanto forças da natureza. Saiba mais em TVT News.

Durante os quase três minutos da exibição, que acontecerá em looping na Sala Imersiva do evento junto a outras animações selecionadas pela curadoria, com paredes totalmente recoberta de LEDs, EMI faz um mergulho mitológico e sensível de contraponto à lógica colonial, que tentou apagar e descreditar as cosmologias afrodescendentes. A obra traz à tona a potência das narrativas ancestrais como forma de resistência e enfrentamento, em especial nos tempos atuais, marcado pela intolerância religiosa e o racismo estrutural.

Tradição e tecnologia

Com direção criativa do designer e multiartista baiano João Acácia e do diretor criativo e designer carioca Felipe Salvador, que assinam, ainda, respectivamente, roteiro e a animação, EMI – O Sopro da Vida une as pontas do passado e do futuro ao fazer uso de ferramentas e elementos tradicionais e tecnológicos.

“Esse projeto nasceu do meu campo de pesquisa sobre ancestralidade dentro da cultura Yorubá, voltado para o candomblé. A partir dessa inquietação de pensar como os orixás podem ser representados de diversas formas artísticas, eu e Felipe Salvador começamos a pensar em como contar essa história”, recorda Acácia sobre o ponto inicial da obra.

Segundo o roteirista, ele e Salvador seguiram um mito de criação da mitologia yorubá de criação do mundo para levar à animação. “Existia uma centelha de luz (vida), no céu dos orixás, que é chamado de Orum. Essa centelha, criada por Olodumare, que é o grande Deus yorubá, é distribuída para Obatalá, que é incumbindo de, a partir dessa centelha de luz, chamada nos Itans de ‘Saco da Criação’, criar o universo e o mundo como nós conhecemos”, recorda.

A partir dessa ideia, a animação foi desenvolvida por meio de técnicas avançadas de modelagem e renderização em 3D (Blender). No som, uma trilha sonora original mescla instrumentos acústicos, sintetizadores, efeitos sonoros e samples, criando uma ambiência que evoca tanto o sagrado quanto o tecnológico.

EMI – O Sopro da Vida estreia no Parque Ibirapuera nesta quarta-feira (4). Foto: Divulgação

Sobre os diretores

João Acácia é soteropolitano, multiartista, diretor criativo, cinegrafista, produtor musical e designer formado pela PUC-Rio. Atua no mercado criativo e empreendedor desde 2014, tendo sido premiado na Semana de Design Rio pelo jornal O Globo. É mestre em Geografia e Sustentabilidades e fundador do projeto BARÙ (2018–2024), que mescla narrativas afro-brasileiras e latinas com música e audiovisual. Já realizou trabalhos para artistas como BaianaSystem, Bando de Teatro Olodum e Instituto Bantu. Foi finalista do DOC Futura 2023, dirigiu projetos de arte-educação e atua em iniciativas de design participativo e inovação pública.

Felipe Salvador é graduado e mestre em Direção de Cinema, pela Bande à Part Escuela de Cine, em Barcelona, e bacharel em Design Gráfico pela PUC-Rio. Atua como diretor, motion designer, roteirista e produtor desde 2010. Fundador do Doce Estúdio, passou por empresas como Globosat, Museu do Amanhã e Nike, além de participar de festivais como o SWAB Barcelona Art Fair. Com experiência internacional em pós-produção, é responsável por projetos audiovisuais que transitam entre publicidade, arte e cinema, sempre explorando a linguagem visual como ferramenta narrativa potente e acessível.