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Aposta para reerguer Brasil, Ancelotti desconhece o Brasil – 22/05/2025 – O Mundo É uma Bola

Aposta para reerguer Brasil, Ancelotti desconhece o Brasil – 22/05/2025 – O Mundo É uma Bola

“Não é a primeira vez que a seleção será dirigida por um estrangeiro. Gostaria que fosse um brasileiro, mas ele já tem um entrosamento com o nosso país, conhece bem. Não vai se sentir um estranho.”

Carlos Alberto Parreira, 82, o técnico do Brasil na conquista do tetracampeonato, na Copa dos EUA-1994, respondeu assim a uma pergunta do repórter Klaus Richmond, em entrevista a esta Folha, se o italiano Carlo Ancelotti, 65, foi a melhor escolha para o cargo.

De fato, não será inédito um forasteiro dirigir a seleção brasileira. Aconteceu três vezes, a primeira cem anos atrás (o uruguaio Ramón Platero), a segunda em 1944 (o português Joreca), a terceira em 1965 (o argentino Filpo Núñez).

No entanto, a passagem de cada um foi breve ou relâmpago. Platero, no intervalo de um mês e meio, dirigiu a seleção em seis partidas (quatro oficiais, pelo Sul-Americano, e duas não oficiais, amistosos contra clubes). Joreca, no período de três dias, dividiu a função com Flávio Costa em dois amistosos. Núñez ficou um único jogo (amistoso).

É provável que Ancelotti se torne o estrangeiro por mais tempo, e com mais jogos, à frente do selecionado nacional. Pelas Eliminatórias da Copa de 2026, restam quatro partidas ao Brasil. Classificando-se, como é esperado, bastarão mais três amistosos, ainda neste ano, para o italiano tornar-se recordista.

Note-se que Platero, Joreca e Núñez tinham identificação com o Brasil antes de ocuparem o cargo na seleção. Viviam aqui, comandavam equipes do país. O elo de Ancelotti com o Brasil, a nação, é nenhum.

Pesquisei quantas vezes Ancelotti esteve no Brasil, fosse a trabalho, fosse a turismo/lazer. Nenhuma. Não posso assegurar com 100% de certeza, mas, se passou por aqui, ninguém sabe, ninguém viu. Ou, se alguém sabe ou viu, não registrou ou divulgou.

Caso minha pesquisa não tenha buracos –se tiver, ficarei contente em saber–, na segunda-feira (26), ao desembarcar no Rio de Janeiro para convocar a seleção, será a primeira vez que Ancelotti pisará o solo brasileiro.

Com certeza, diferentemente do que afirmou Parreira, se sentirá um estranho. O que é normal ao se deparar com um lugar diferente, com um povo diferente. Ao contrário do que disse Parreira, seu entrosamento com o nosso país inexiste. É zero. Conhece nada daqui, exceto os jogadores brasileiros com quem trabalhou… na Europa.

O italiano, fala-se, morará no Rio. Cidade maravilhosa, porém violenta e insegura. Estando lá, se tiver coragem para dar umas voltas, receberá a cordialidade dos cariocas, que o chamarão de Carleto (com o “erre” característico do carioquês), e pode até aprender no dia a dia a falar português… se começar bem o trabalho.

Pois bem sabemos que resultados ruins, que geralmente vêm aliados a futebol pífio, fazem do treinador persona non grata, rapidamente. Pode ter um supercurrículo (Ancelotti tem), ser educado (Ancelotti é), bancar o boa-praça (Ancelotti bancará), não adianta. Vira incapaz.

Então virão questionamentos sobre a (falta de) identidade dele com o Brasil. Surgirá, crescente, a dúvida: não deveríamos ter colocado, ou não deveríamos voltar a colocar, um brasileiro, como preferia Parreira? (Deveríamos = CBF, que é quem decide.)

Não deveríamos, e não devemos, por falta de opção qualificada. As tentativas pós-Tite (Ramon Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior) não funcionaram, e não há mais confiança para testes caseiros.

A saída aceitável era um estrangeiro, e dos bons. Ancelotti, por estranho que ele seja ao Brasil e o Brasil seja a ele, encaixa-se no perfil. Falta “só” criar entrosamento com o país.

Vamos ver. A Ancelotti sobra experiência, mas não de Brasil. E, como disse o saudoso Tom Jobim, o Brasil não é para principiantes.


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Fonte: redir.folha.com.br

Publicado em: 2025-05-22 14:01:00 | Autor: Luís Curro |

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