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Bancada mineira se divide na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados

Maioria dos parlamentares de Minas indicou até agora apoio ao candidato do MDB, Baleia Rossi, mas projeção mostra equilíbrio e existem divisões internas em algumas legendas

A menos de um mês da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, a bancada mineira se dividiu entre os nomes de Arthur Lira (PP), candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, e Baleia Rossi (MDB), que conta com o apoio do atual presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM). 

Lira tem o apoio da maior parte dos partidos que compõem a bancada de Minas. É o caso do PSD, PL, PP, Avante, Solidariedade, Republicanos, PROS, PSC e Patriota – siglas que já anunciaram apoio a ele.

O candidato do PP também deve contar com pelo menos dois votos da bancada do PSL, que, apesar de ter declarado apoio ao candidato Baleia Rossi, tem parlamentares da base do presidente Bolsonaro: Cabo Junio Amaral e Alê Silva.

Apesar de contar com menos legendas, segundo levantamento feito por O TEMPO, o número de deputados mineiros que devem apoiar Baleia Rossi para o comando da Câmara é ligeiramente superior. Isso porque as maiores bancadas do Estado pertencem a partidos que já anunciaram publicamente seu apoio ao emedebista, caso do PT, PSL (que está dividido internamente) e PSDB. 

Projeção nacional

Em uma projeção com todos os 513 deputados federais e considerando apenas as candidaturas de Lira e Rossi, bem como os anúncios oficiais de cada um dos partidos, Rossi aparece na frente, com mais votos. 

No entanto, a votação final poderá ter mudanças, já que o voto é secreto. Ou seja, não há garantias de que todos os deputados votem conforme a orientação de seu partido e, em alguns casos, como o do PSL, há parlamentares que declararam publicamente o voto no candidato de oposição apoiado pela legenda. 

“O partido às vezes tem uma orientação, mas você tem uma amizade com uma pessoa. Então, nenhum partido vai fechado. A eleição para a presidência da Câmara quebra demais, porque tem muito das relações pessoais que vão sendo construídas ao longo do tempo”, disse um parlamentar ouvido pela reportagem e que pediu para não ser identificado.

Sem consenso

Apesar de a projeção apontar maior número de votos no candidato do MDB, a eleição de Rossi não é um consenso no grupo que se opõe à escolha de Lira para a presidência da Câmara. Muitos parlamentares defendiam uma candidatura de oposição aos nomes indicados por Maia e por Bolsonaro – plano que perdeu força nesta semana, quando o PT anunciou apoio a Rossi.

“A decisão foi pró-Baleia dentro de um acordo em que foram feitas algumas exigências pelos partidos da oposição e que contou com a concordância do Baleia. Foi essa a posição vitoriosa. Mas a outra posição, que eu defendi, inclusive, era no sentido de nós lançarmos um candidato agora, uma candidatura forte do campo da oposição ao Bolsonaro e com um programa claro para o país, porque essa eleição, embora seja entre os parlamentares, acaba tendo uma repercussão em geral pra sociedade”, disse o deputado federal Rogério Correia (PT).

Partidos aguardam definições 

Ainda há dúvida sobre o apoio do PSB, embora recentemente o presidente da legenda, Carlos Siqueira, tenha assinado a carta compromisso juntamente com PT, PCdoB e PDT destinada a Rossi. Segundo Júlio Delgado (PSB), a sigla também está dividida entre apoiar o candidato de Rodrigo Maia e construir uma candidatura de oposição juntamente com outros partidos.

“Metade da bancada do PSB não concorda com a adesão ao Baleia com esse discurso de que ele é um candidato de oposição. Agora, o Baleia virou um grande nome de oposição, uma referência para a oposição que ele não é nem  nunca foi”, afirmou.

Delgado diz que a bancada do partido conta com 30 deputados, sendo que 15 defendem uma posição e o restante apoia o oposto, de forma que não há formação de maioria para nenhum dos dois lados. 

Outras siglas não definiram posição na disputa, como PSOL, Novo e Podemos. No caso do PSOL, por se tratar de um partido de oposição a Bolsonaro, deve decidir se vai com Rossi ou se investe em uma candidatura de esquerda. A única deputada mineira da sigla, Áurea Carolina, aguarda a posição da legenda para se manifestar.

Já o partido Novo espera o compromisso dos candidatos para definir quem apoiar. No entanto, segundo o deputado Tiago Mitraud, a sigla não deve apoiar nenhum dos favoritos na disputa.

“A gente está nesse momento aguardando outros deputados se juntarem a essa carta-compromisso e avaliando se entre os signatários poderia surgir algum nome para servir de alternativa às candidaturas já colocadas. Se isso não acontecer, é provável que a gente lance um nome nosso”. 

O Podemos inicialmente apoiaria o deputado Marcos Pereira (Republicanos) para a presidência da Casa. No entanto, como ele retirou sua candidatura, a bancada ainda discute sua posição mas, possivelmente, apoiará Lira. “Se eu não me engano, o Marcos (Pereira) declarou apoio ao Lira, então é possível que, em função disso, o Podemos siga esse acordo anterior”, disse o único parlamentar mineiro da sigla, Igor Timo.

Mineiros lançam candidaturas independentes 

Apesar da eleição para a presidência da Câmara se concentrar em torno dos nomes de Arthur Lira (PP) e Baleia Rossi (MDB), outros candidatos têm se lançado na disputa, entre eles, dois mineiros: André Janones (Avante) e Fábio Ramalho (MDB). 

Ramalho disse que sua candidatura nasce de uma demanda de vários deputados e que, diferentemente das demais candidaturas postas, a sua é uma candidatura de “plenário”.

“Estou conversando com quase todo mundo no sentido de colocar o meu nome para ser um nome do plenário. Hoje você tem dois candidatos, um do presidente da Casa e outro do Planalto e a gente tem que entender que a Câmara não tem dono, é independente”, disse.

Afirmou ainda que pretende acabar com o protagonismo do presidente do Legislativo e também dos demais líderes, tornando a Casa mais democrática. “é por isso que sou candidato, para mudar tudo isso. E uma dessas mudanças é que para que a gente tenha uma Câmara mais participativa e que a gente não aceite mais o cabresto de ninguém”.

Na última eleição para a presidência da Câmara, Ramalho também concorreu e recebeu 66 votos. 

Já André Janones decidiu se lançar para garantir mais uma opção e acabar com o discurso de que só havia dois candidatos disputando. No entanto, ele afirmou saber que sua candidatura não é favorita.

“Meu objetivo principal é marcar posição e, principalmente, sepultar o discurso de que ‘não temos opção’. O presidente Bolsonaro deu uma declaração ontem onde ele diz o seguinte: não é que eu apoie o Lira, é que onde estiver Maia, PSOL, e PT, eu estou do outro lado. Como se tivessem só duas opções”, disse. E repetiu: “Então, meu objetivo com essa candidatura é dar uma opção e, caso eu não vença, e como eu disse eu tenho total consciência de que eu não sou favorito, possa pelo menos restar claro para a população que é conversa isso de que não existe opção”. 

Ele também falou sobre sua intenção de mudar a forma como são pautados os temas na Casa.

“Além de mostrar que há opção, também outro objetivo principal da minha candidatura é apresentar uma candidatura alinhada com os anseios da população. É que mais do que se comprometer com os colegas, se comprometa com a população de pautar as matérias que são de interesse do povo brasileiro. Há hoje várias matérias que a sociedade e a opinião pública aguardam ansiosamente para que sejam pautadas e não são. Inclusive, esse vai ser o slogan da minha campanha: a pauta é o povo”, completou.

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