O Banco Central (BC), por decisão do seu Comitê de Política Monetária (Copom), informou nesta quarta–feira (19/3) que irá aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 1%, elevando-a para 14,25%. A decisão foi feita sob a justificativa de tentar frear a inflação, sobretudo dos alimentos. A medida, contudo, além de não abaixar o preço dos alimentos, controlado pelos carteis de grandes burgueses e latifundiários, beneficia sobretudo os acionistas da dívida pública, que recebem mais dinheiro através dos juros e amortizações pagos pelo velho Estado.
Essa foi a segunda reunião presidida pelo atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, indicado por Luiz Inácio (PT). Durante a primeira reunião, em janeiro de 2025, o Copom já havia elevado a Selic em 1%, subindo-a para 13,25%. Já naquela época, o conselho de reacionários prometeu efetuar um novo aumento em março.
Apesar disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fez questão de defender Galípolo nesta quinta-feira, dizendo que o aumento dos juros seria uma herança da má gestão de Campos Neto (2019-2024), presidente do BC indicado pelo governo Bolsonaro.
O ministro segue, assim, a orientação de Luiz Inácio, que chegou ao cúmulo de dizer, em agosto do ano passado, que “se Galípolo disser que precisa aumentar os juros, ótimo, aumente”.
Nessa onda, o ministro da Fazenda de Luiz Inácio ajuda a manter a ilusão de que o aumento da taxa de juros de fato serve para controlar a inflação. Essa lógica da economia burguesa, sustentada na enferrujada tese de que o mercado é regido tão somente pela “oferta e procura”, ignora o fato de que, na atual fase do capitalismo, o imperialismo, os preços são decididos arbitrariamente por grandes carteis de grandes burgueses e latifundiários que monopolizam e sufocam a economia nacional.
Extorsão do povo, lucro para bilionários: Gabriel Galípolo eleva taxa de juros a 13,25% com apoio de Luiz Inácio – A Nova Democracia
“Não pode dar um cavalo de pau na política econômica”, disse Luiz Inácio. Com o aumento da taxa de juros, empréstimos pessoais, financiamentos imobiliários e compras de veículos ficam mais caros. É um problema grave para as 73 milhões de pessoas endividadas no País, segundo dados do Serasa de dezembro de 2024.
Na verdade, os juros tendem a aumentar a inflação – visto que os empréstimos ficam mais caros e a produção de mercadorias torna-se mais cara, custo extra que é revertido no preço final.
Na realidade, a elevação do juros piora o problema dos mais de 74 milhões de brasileiros endividados, e em especial para os mais pobres, uma vez que mais de 80% das famílias que ganham menos de três salários mínimos estão endividadas.
A medida, contudo, é profundamente benéfica aos acionistas imperialistas que lucram com a dívida pública. De acordo com o próprio Banco Central, a cada aumento de 1% na Selic o gasto com a dívida pública sobe em R$ 55 bilhões, segundo um levantamento feito pela Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), coordenada pela economista Maria Lucia Fattorelli.
Em uma reportagem da ACD de 30 de janeiro, Fattorelli indicou que o aumento dos juros encarece tudo que precisa de financiamento, seja para pessoas, ou seja para empresas que atualmente se encontram endividadas. Na ocasião, a economista chegou a apontar que as dívidas públicas possuem um papel central “nos problemas do povo”, sinalizando a necessidade de uma mobilização nacional que exija mudanças concretas na política econômica do país.
Publicado em: 2025-03-20 18:08:00 | Autor: Redação de AND |