Denize Bacoccina
Um museu, num prédio histórico, que conta a história da Caixa Econômica Federal desde que a instituição foi criada, em 1861, no Rio de Janeiro, e ainda sedia exposições temporárias de artistas contemporâneos e apresenta shows e peças de teatro com entrada gratuita. Se você ainda não conhece a Caixa Cultural São Paulo, já tem vários bons motivos para visitá-la.
A Caixa Cultural fica a dois minutos da estação Sé do metrô, num prédio construído em 1939 para ser a sede da Caixa Econômica Federal em São Paulo. Construído em estilo Art Déco entre 1934 e 1939, o Edifício Sé foi projetado e construído pelo Escritório Albuquerque & Longo Engenheiros Arquitetos e Civis, uma das principais firmas de arquitetura e engenharia de São Paulo nas décadas de 1920 e 1930.
A fachada de granito negro e as enormes colunas em estilo jônico buscavam passar uma imagem de imponência e sobriedade, e o acabamento com detalhes em latão, bronze e aço escovado era apresentado como um sinal de modernidade. Na época, conta o gerente da Caixa Cultural, Alexandre Gidaro, o prédio era bastante tecnológico, com um sistema de aquecimento central, água quente em todas as torneiras, elevadores, um sistema próprio de esgoto. Além disso, a agência, que era a principal da instituição na cidade, tinha equipamentos modernos, como máquinas de escrituração e de calcular.
É esta história, de como funcionava uma agência bancária em meados do século 20, os equipamentos usados na sala de penhores e até os objetos usados nos sorteios da Loteria Federal, que está contada no Museu da Caixa. Instalado em 1979, o museu ocupa o sexto andar do Edifício Sé, que em 2007 foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).
“A primeira missão do Museu foi preservar esse acervo de equipamentos que já existia e mostrar como era o funcionamento de uma agência nos anos 1930 e 1940”, conta Alexandre. O acervo do espaço tem 2.909 peças, incluindo notas e moedas de época, máquinas de escrever e de calcular, cofres e balanças de penhor.
No corredor de entrada estão expostas fotografias antigas do centro de São Paulo e uma coleção de retratos de personagens ilustres que tiveram importância na criação da Caixa e na sua história, como Dom Pedro II, o Barão de Itapetininga e o presidente Getúlio Vargas.
Conheça algumas das salas:
Sala da Presidência
A Sala da Presidência mantém o aspecto de quando o prédio foi inaugurado. Os móveis, em aço escovado, são a expressão da modernidade na época, associados ao luxo e à riqueza. Já os armários em madeira, encomendados ao Liceu de Artes e Ofícios, remetem aos conceitos de tradição e solidez. A sala é octogonal e tem o pé direito alto, características que favorecem a acústica do ambiente.
Sala do Penhor
A vitrine central da Sala do Penhor expõe lupas, utensílios de uso químico e outros objetos utilizados por avaliadores da época para medir e classificar ouro, pérolas e pedras preciosas que eram penhorados. A sala também tem vários tipos de balanças e um estandarte, que era utilizado para anunciar os leilões de joias promovidos pela Caixa.
Agência de Época
A sala da Agência de Época reconstrói uma agência das décadas de 1930 e 1940, com o mobiliário original utilizado pelo gerente, pelo escriturário e o guichê de caixa. Entre os objetos apresentados no espaço estão cofre, mata-borrão, caneta tinteiro, furador, carimbeira, um jogo de chá e um extintor de incêndio antigo. O local foi utilizado na gravação da novela Éramos Seis, do SBT.
Sala de Loterias
A Sala de Loterias traz vários móveis e objetos utilizados no sorteio da Loteria Federal ao longo de várias décadas. Entres ele, um armário com 15 mil esferas de madeira, utilizadas nos primeiros sorteios, além de globos para premiação no caminhão da sorte, máquinas de aposta, bilhetes lotéricos e os primeiros cartazes de divulgação da Loteria Federal.
Sala de Poupança
Na Sala da Poupança uma vitrine mostra a evolução das cadernetas de poupança, do papel ao formato digital. O local inclui ainda máquinas contadoras de moedas e equipamentos para contar e verificar a autenticidade das cédulas.
Além do Museu da Caixa, o espaço abriga exposições temporárias de artistas contemporâneos nos salões no térreo e no primeiro andar, além de shows e peças de teatro num palco improvisado no térreo.
Nos próximos dois anos, o Museu vai passar por uma reforma, que vai ampliar o acervo e contar a história desde a fundação da instituição, no fim do século 19, aos dias de hoje, a sua importância para a economia brasileira e para a vida dos cidadãos, que fizeram poupança, compravam casa ou receberam benefícios por meio da instituição. “Queremos contar mais as nossas histórias, da vida dos brasileiros que interagem com a Caixa, do público para o púbico”, diz Alexandre. Como as histórias do penhor, de pessoas que penhoravam itens pessoais como cueca, máquinas de lavar roupas e brinquedos. A reforma deve durar dois anos, mas o Museu atual vai continuar aberto neste período. Até o fim do ano, o espaço também deve ganhar um café.
O Museu da CAIXA é um espaço de exposição permanente que pode ser visitado de terça a domingo, das 8h às 19h. O programa Caixa Gente Arteira recebe escolas e outros grupos, todos os dias, de forma gratuita. Acompanhe a programação aqui.
Entrada gratuita.
Endereço: Praça da Sé, 111
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Publicado em: 2025-03-19 12:19:00 | Autor: Denize Bacoccina |