Em um novo comunicado potente, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) denunciou o que chamou de “enrolação” do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e exigiu a terra da “falida Usina Frei Caneca” aos posseiros da comunidade de Barro Branco.
O comunicado denuncia as várias artimanhas dos latifundiários frente à lentidão do Incra para avançar com os processo de desapropriação de terras e entrega aos posseiros e ex-funcionários da Usina.
O documento também exorta “todos os posseiros de Barro Branco e sítios vizinhos, e dos demais engenhos das terras de Frei Caneca, a se unir para exigir que o INCRA cumpra suas promessas e entregue a terra aos moradores, sitiantes e trabalhadores. Não aceitaremos ser enrolados e nem despejados!”.
“Exigimos que o Sr. Givaldo Ferreira venha até os camponeses para se explicar e provar o que de fato o INCRA fez até agora e que realize imediatamente a desapropriação destas terras para que sejam entregues e tituladas aos posseiros e moradores!”, diz a LCP.
O comunicado pode ser lido na íntegra abaixo.
CHEGA DE ENROLAÇÃO DO INCRA!
AS TERRAS DA FALIDA USINA FREI CANECA PERTENCEM AO POVO!
No dia 12 de março, em reunião da Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça de Pernambuco, no Fórum de Maraial, o superintendente do INCRA em Pernambuco, Givaldo Ferreira, se comprometeu com a desapropriação de todas as terras da falida Usina Frei Caneca, para que sejam entregues aos posseiros, moradores e antigos funcionários da usina caloteira. Como contrapartida, foi negociado o prazo de 40 dias para a desmontagem do Acampamento Menino Jonatas, erguido pelos moradores do Engenho Barro Branco para se defenderem dos ataques da pistolagem a serviço do grileiro Guilherme Maranhão e da falida Usina, o que foi cumprido pelo povo dentro do prazo estipulado.
No dia 03 de abril, o mesmo superintendente do INCRA, Givaldo Ferreira, compareceu em reunião na sede da associação dos posseiros de Barro Branco, diante de centenas de pessoas, ele disse que a desapropriação das terras estava garantida, pois ele tinha feito um acordo com os advogados da usina, e que bastava o povo cumprir o acordo da reunião de Maraial, que o INCRA faria a parte dele.
Para não dar ponto sem nó, e como o Sr. Givaldo disse que o INCRA já tinha emitido até Ordem de Serviço para a desapropriação das terras, os advogados dos posseiros de Barro Branco, do escritório AMARAL & AMARAL ADVOGADOS e da ABRAPO – Associação Brasileira de Advogados do Povo Gabriel Pimenta, foram até a sede do INCRA em Recife para exigir cópia dos documentos que provam que ele está trabalhando para entregar as terras ao povo, porém os funcionários disseram que o INCRA não possui nenhum documento sobre Barro Branco no sistema.
Para que os posseiros não fossem enrolados e para pressionar o INCRA a cumprir suas promessas de boca, os advogados entraram com pedido de federalização do processo que ameaça de despejo os moradores e posseiros dos sítios Monteiro, Furnas, Cabugi e Tenório acusando que esses companheiros de invadiram a área da reserva de mata da RPPN Frei Caneca. Nossos advogados exigem que esse processo seja enviado para a Justiça Federal, uma vez que o INCRA é órgão federal e se comprometeu perante o desembargador Luciano Campos na reunião de Maraial a entregar as terras para o povo.
Porém, no 16 de abril os advogados da empresa Mata Sul do grileiro Guilherme Maranhão e da falida usina, entraram com ação para impedir que o caso de Barro Branco fosse para a Justiça Federal. Como justificativa, eles revelaram que, na verdade, não existe nenhuma negociação entre o INCRA e a Usina Frei Caneca ou a Mata Sul para entregar estas terras a quem nela vive e trabalha! Que o INCRA nunca tomou parte e nem tem interesse no processo de despejo dos moradores e sitiantes! E ainda que a reunião de Maraial não tem nenhum “efeito jurídico”!
Diante destes fatos, convocamos todos os posseiros de Barro Branco e sítios vizinhos, e dos demais engenhos das terras de Frei Caneca, a se unir para exigir que o INCRA cumpra suas promessas e entregue a terra aos moradores, sitiantes e trabalhadores. Não aceitaremos ser enrolados e nem despejados! Exigimos que o Sr. Givaldo Ferreira venha até os camponeses para se explicar e provar o que de fato o INCRA fez até agora e que realize imediatamente a desapropriação destas terras para que sejam entregues e tituladas aos posseiros e moradores!
TODAS AS TERRAS DA USINA FREI CANECA PARA OS CAMPONESES POSSEIROS E EX-FUNCIONÁRIOS!
BARRO BRANCO É DO POVO!
TERRA PARA QUEM NELA VIVE E TRABALHA!
VIVA A REVOLUÇÃO AGRÁRIA!
Liga dos Camponeses Pobres – LCP
Publicado em: 2025-04-29 18:18:00 | Autor: Redação de AND |