O Dia Nacional da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, é celebrado nesta segunda-feira, 28 de abril, data que marca a importância da preservação desse ecossistema único. Presente em nove estados — Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o norte de Minas Gerais — a Caatinga enfrenta atualmente um dos maiores riscos de desaparecimento no país.
Com clima semiárido e alta biodiversidade, abriga mais de 930 espécies de plantas, 178 de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis e 241 de peixes. Em seus mais de 800 mil quilômetros quadrados de extensão, vivem mais de 32 milhões de pessoas. No entanto, o desmatamento desenfreado ameaça todo esse patrimônio natural.
O diretor-executivo do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão, ressalta que a data é um momento de conscientização para a preservação e valorização da biodiversidade. Segundo ele, o ponto de partida para garantir a sobrevivência do bioma é interromper o desmatamento.
“A seca é um problema histórico da região. Sempre existirá, mas ela se agrava com o desmatamento, intensificando os problemas ambientais e prejudicando a recuperação das áreas degradadas”, explica.
Perda da biodiversidade da Caatinga é alarmante
Além da ameaça às populações humanas, o desmatamento na Caatinga compromete seriamente a fauna. Estima-se que o bioma já tenha perdido 42% da sua vegetação nativa, o equivalente a 370 mil quilômetros quadrados até 2023. Essa devastação impacta diretamente o habitat de diversas espécies, muitas delas ameaçadas de extinção, como o tatu-bola, famoso por ser mascote da Copa do Mundo de 2014.
“A perda de biodiversidade é imensa. Menos vegetação significa menos abrigo para os animais e, com isso, a diminuição contínua de várias espécies”, alerta Sérgio.
O diretor também destaca que, graças aos programas sociais, o drama da seca na Caatinga não resulta mais em tantas mortes como no passado. “Hoje, a seca não tem mais o mesmo drama da fome e da morte como na última grande seca do Nordeste, entre 1979 e 1983. Atualmente, os auxílios sociais ajudam as famílias a sobreviverem”, aponta.
Recuperação e incentivo necessário
A recuperação da Caatinga exige incentivos financeiros e técnicos. Sérgio defende com entusiasmo a aprovação do Projeto de Lei 1990/24, que institui a Política Nacional para a Recuperação da Vegetação da Caatinga. “Recuperar custa caro. Falta mão de obra especializada e mudas adequadas para replantio. Esse projeto de lei cria os incentivos necessários para que o país possa restaurar o bioma, que é o mais ameaçado pela desertificação”, afirma.
Segundo o estudo do Instituto Escolhas, estima-se que mais de 1 milhão de hectares desmatados precisem ser recuperados. E essa restauração pode trazer benefícios sociais expressivos. Segundo Sérgio, ações que combinem o plantio de árvores nativas e espécies comerciais, como frutíferas, podem gerar cerca de 468 mil empregos e produzir 7 milhões de toneladas de alimentos. Ao invés de criar uma nova grande diáspora, como aconteceu em séculos anteriores, gera permanência em um local tão rico de biodiversidade.
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“A recuperação da Caatinga precisa ser vista como uma oportunidade para unir preservação ambiental e geração de renda em uma região historicamente marcada pela pobreza”, complementa.
Amanda S. Feitoza
Jornalista formada pela UnB, com passagens pela Secretaria de Segurança Pública do DF, pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) e pela Máquina CW. Entusiasta nas áreas de cultura, educação e redes sociais, integra a equipe do CB-Online.
Fonte: www.correiobraziliense.com.br
Publicado em: 2025-04-28 14:08:00 | Autor: |