A jornalista brasileira Bianca Fraccalvieri, coordenadora das redes sociais do Vatican News, viveu um momento histórico, neste sábado (26/4), ao ler a Oração Universal em português durante a missa de funeral do Papa Francisco, na Praça São Pedro, no Vaticano. Em entrevista exclusiva ao Correio, ela descreveu a emoção de participar da cerimônia e a relação de proximidade que tinha com o pontífice.
“Foi maravilhoso, acho que não tem outra palavra, né?”, iniciou Bianca, emocionada. Ela contou que acompanhou o pontificado de Francisco de perto, desde a eleição até o sepultamento. “Eu trabalho já tem quase 25 anos aqui na Rádio Vaticano, então acompanhei três papas. E o jeito de Francisco realmente é muito peculiar, era diferente porque ele mesmo disse que precisava do contato humano para se manter firme na missão. E assim foi, né?!”
Bianca explicou que, após a pandemia de covid-19, o papa pediu que leitores de audiências fossem leigos e não mais padres, como ocorria antes. “O intuito era mostrar que o papa também está circundado de homens e mulheres, não só de sacerdotes. Então o intuito dele era mostrar a imagem dessa igreja mais aberta”, contou. A partir dessa mudança, foi criado um grupo de leitores em várias línguas, e sempre que havia missas ou eventos, os leigos eram consultados sobre a disponibilidade para participar.
Sobre a oportunidade de ler na missa de funeral, Bianca revelou que não foi um convite direto, mas uma consulta. “Dessa vez veio a surpresa dessa missa que eles queriam uma voz feminina para a leitura da língua portuguesa, aí eu me candidatei”, relatou. Confira o momento da oração:
A jornalista também compartilhou a rotina de escalas para encontros com o papa durante as audiências gerais: “A cada três ou quatro vezes, cabia um de nós ali nas quartas-feiras. Ele sempre parava para cumprimentar a gente, para fazer uma pergunta. Aliás, em todos os eventos em que ele está presente, ele faz essa saudação.”
Bianca recordou ainda momentos informais de convivência com Francisco. “Quando tem o sino, é bem bacana porque tem a pausa pro café e ele participava mesmo, ele fica lá como se fosse uma pessoa qualquer, conversando, batendo papo, tomando café”
Para ela, participar da cerimônia de despedida foi uma experiência única. “Participar deste último evento foi, assim, realmente pra mim um grande privilégio, uma grande honra”, afirmou. Apesar da convivência frequente com o papa, ela revela que sempre sentiu nervosismo na presença dele. “Eu não finjo a normalidade. Eu sempre fico nervosa, claro, estou na presença do papa, então às vezes eu lia, às vezes dava umas tropeçadas”, relembrou.
Durante a missa de funeral, no entanto, a sensação foi diferente. “Hoje a presença dele estava muito diferente, né? Eu vi aquela multidão, uma maré de gente, mas eu pensava só nele, então isso me tranquilizou e me deu força pra ler essa frase.”
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A leitura da Oração Universal, realizada após a homilia do cardeal Giovanni Battista Re, foi um dos momentos de grande comoção durante a cerimônia, que reuniu milhares de fiéis na Praça São Pedro.
Após a celebração pública, o corpo do papa Francisco foi conduzido até a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, para o sepultamento reservado. O rito, sem transmissão oficial, contou apenas com a presença de sacerdotes e familiares, e foi presidido pelo cardeal camerlengo, Kevin Farrell.
Danandra Rocha
Repórter de política
Formada pela Faculdade Anhanguera de Brasília, tem experiência em assessoria, televisão e rádio. É repórter da editoria de Política, na cobertura do Congresso.
Edla Lula
repórter de economia
Jornalista com enfoque em economia política do Brasil. Autora da coleção Diálogos em Construção: Proposta dialógica para superar a intolerância e debater temas contemporâneos. Passou pelos jornais Brasil Econômico, Jornal do Brasil e Agência Brasil
Fonte: www.correiobraziliense.com.br
Publicado em: 2025-04-26 13:24:00 | Autor: |