A Uefa publicou estudo sobre os jogadores de idade inferior a 21 anos que merecem ser observados neste ano de 2021. A lista tem promissores, como o espanhol Pedri, do Barcelona, e o inglês Bellingham, do Borussia Dortmund.
Ao todo, 50 atletas, 29 nacionalidades, nenhum brasileiro, argentino, uruguaio, chileno ou colombiano. Poderia ser pela óbvia razão de o estudo ser da entidade europeia, mas há dois norte-americanos, dois marfinenses, um senegalês e um ganês. Todos de clubes europeus.
O Real Madrid não parece concordar com a enquete, ou não teria Vinicius Junior (19), Rodrygo (19) e Valverde, uruguaio de 22 anos, como três de seus maiores investimentos em jovens.
O grande perigo de levar a publicação da Uefa a ferro e fogo está no aproveitamento de garotos nos principais clubes brasileiros desde o meio de 2020. Especialmente na Libertadores.
O São Paulo lidera o Brasileiro com Gabriel Sara (21), Igor Gomes (21), Luan (21) e Brenner (20), todos pratas da casa, como titulares. O Palmeiras golpeou fortemente o River Plate, em Avellaneda, com o meio-de-campo composto por Patrick de Paula (21), Gabriel Menino (20) e Danilo (19).
O Santos acaba de vender Lucas Veríssimo (25) para o Benfica e disputa as finais da Libertadores com Sandry (18) e Kaio Jorge (18), ambos campeões mundiais sub-17 pela seleção brasileira, assim como Gabriel Veron (18), do Palmeiras, que esteve no banco contra o River Plate.
Jogar bem o Campeonato Brasileiro ou a Libertadores não é pré-requisito para brilhar na Europa. Nem o contrário. Há ainda a pergunta sobre o nível competitivo dos novos jogadores brasileiros numa disputa de Copa do Mundo. Vale o questionamento, depois de quatro fracassos em Mundiais.
Mas havia o mesmo tipo de dúvida quando João Carvalhaes viu Garrincha fracassar em seu teste de inteligência e equilíbrio psicológico e quase o tirou da Copa do Mundo de 1958.
Há um meio termo entre o pessimismo com a avaliação dos europeus sobre os jovens brasileiros e o realismo da análise de desempenho a cada novo desafio deles.
Fato é que o aperto do calendário da pandemia coincide com times brasileiros dando chances e vencendo jogos importantes com a geração 2020. O Grêmio começou o ano apostando em até oito titulares acima dos 30 anos –Vanderlei, Victor Ferraz, Geromel, Cortez, Maicon, Thiago Neves, Robinho e Diego Souza. Classificou-se para a decisão da Copa do Brasil com Rodrigues, Darlan, Matheus Henrique, Pepê e Ferreirinha, todos abaixo de 24 anos.
Muitos desses novos jogadores têm demonstrado capacidade de entender o jogo taticamente. Patrick de Paula não é o mais brilhante dos meninos do Palmeiras, mas já foi primeiro volante, meia-esquerda e ponta-de-lança, escalado atrás dos dois atacantes contra o Athletico.
Gabriel Menino é um espanto de qualidade técnica misturada com polivalência. Joga de primeiro volante, meia-direita, ponta-direita ou lateral. Contra o River Plate, foi um híbrido de armador, quando o Palmeiras tinha a bola, e lateral direito, quando era necessário fazer a recomposição.
Também é espantoso como cobramos do técnico da seleção brasileira que dê oportunidade a quem joga no Brasil e, muitas vezes, temos como parâmetro o fato de não haver protagonistas brasileiros na Europa, à exceção de Neymar.
É importante ponderar por que razão os craques daqui não são mais tão craques lá. Mas também importa lembrar que o Brasil nunca ganhou a Copa do Mundo tendo mais convocados de clubes europeus do que de times brasileiros.
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