Uma mulher de 25 anos pode ser a nova “paciente 1” de Covid-19 da Itália, segundo um estudo feito pela Universidade Estatal de Milão. De acordo com o trabalho, a mulher procurou atendimento médico no dia 10 de novembro de 2019, para avaliar placas avermelhadas no braço. Após realizarem uma biópsia inconclusiva, os médicos resolveram analisar novamente o caso, em junho de 2020, e detectaram que a jovem havia sido contaminada pelo Sars-CoV-2.
Raffaele Gianotti, principal autor do estudo, analisou biópsias de pele de pacientes com dermatoses e testes PCR positivos para Sars-CoV-2 em diferentes estágios da infecção. Os resultados foram comparados com biópsias de pele de 20 pacientes sem diagnóstico conclusivo que apresentavam alto risco de terem sido infectados por terem apresentado sintomas leves da doença ou terem mantido contato com pessoas sabidamente infectadas.
Após a comparação dos dados, a equipe de pesquisadores descobriu que 70% das amostras de pele do grupo de prováveis contaminados eram compatíveis com as daqueles que haviam testado para o coronavírus. A pesquisa foi publicada no jornal especializado British Journal of Dermatology.
No caso da moça estudada pela equipe, o único sintoma da Covid-19 apresentado foi “uma leve dor de garganta”. Segundo Raffaele Gianotti, casos de biópsias cutâneas inconclusivas como o da moça não foram incomuns e chamaram atenção para a possibilidade de outros pacientes com Covid-19 não detectada antes do início oficial da pandemia, em março.
A paciente informou aos pesquisadores que as manchas sumiram em abril de 2020. Após a nova avaliação da equipe médica, em junho, ela apresentou anticorpos contra o coronavírus.
Agora, a equipe pesquisa outras amostras de tecido, de pacientes que realizaram biópsia em outubro de 2019. O objetivo é determinar se há outros casos ainda mais recentes que o da paciente de 25 anos.
Pesquisas anteriores apontavam um menino de quatro anos, atendido em um pronto-socorro de Milão com problemas respiratórios e vômito no dia 30 de novembro, como o primeiro italiano contaminado pelo coronavírus. Outro estudo, feito pelo Instituto Nacional de Tumores de Milão, encontrou anticorpos do vírus em exames pulmonares feitos entre setembro de 2019 e março de 2020. Pesquisas também identificaram traços do Sars-CoV-2 no esgoto do norte da Itália em dezembro de 2019.