A forma mais usual de homenagear matemáticos é nomeando suas maiores realizações: teorema de Fermat, conjectura de Poincaré, hipótese de Riemann, distribuição de Gauss, fórmula de Euler. É legal, mas é restrito. Felizmente, existem distinções mais amplas.
A imagem de Gauss adornava a nota de 10 marcos alemães até o advento do euro, quando o marco deixou de circular. Agora, que eu saiba, só Euler é alvo dessa distinção, na nota de 10 francos suíços. Os franceses até têm a efígie de Poincaré em moeda comemorativa, só que não é o matemático Henri, e sim o político Raymond, seu primo.
Mas não podemos reclamar da França: em Paris há mais de cem ruas com nomes de matemáticos. Cem! Nem todos franceses: lá estão, por exemplo, a alemã Emmy Noether e o holandês Christiaan Huygens. Uma ausência notável é Euclides, mas o pai da geometria é nome de rua ou avenida em cidades como Washington, Detroit, Filadélfia, Santa Mônica, Nova York, São Francisco, Chicago e Cleveland. E a menos de 20km de Cleveland fica a cidade de Euclid, Ohio.
São Paulo também sai muito bem na foto: são mais de trinta matemáticos homenageados em seus logradouros (Euclides está mais uma vez ausente). No Rio de Janeiro não conheço nenhum exemplo, mas deve ser desinformação. Em todo caso, a honra do RJ é salva pela pequena Itaocara, cidade de 23 mil habitantes no noroeste fluminense, cuja Praça da Matemática contém, provavelmente, o único monumento à rainha das ciências em todo o mundo.
E na sua cidade, caro leitor, existe alguma rua com nome de matemático? Respostas pelo e-mail [email protected].
Abel e Newton dão nomes a montanhas na ilha de Svalbard. Leibniz é marca de chocolate desde 1891. Descartes nomeia duas ilhas, na Austrália e na Antártica. Newton também tem sua ilha na Antártica. Arquimedes é personagem de desenho da Disney. Existe um sistema operacional chamado Turing e um tipo de letra com o nome de Euler. Muitas crateras da Lua têm nomes como Dirichlet, Chebyshev e Weierstrass. 50033 Perelman e 9999 Wiles são nomes de asteróides. The Fibonaccis foi um banda de rock de Los Angeles nos anos 80.
Mas a distinção mais curiosa vai para o francês Cédric Villani, ganhador da medalha Fields em 2010 e atualmente deputado no parlamento francês. Conhecido por seus cabelos longos e roupas chamativas, que lhe dão um ar de poeta do século 19, Cédric sempre completa a vestimenta com um broche de aranha no peito. Em reconhecimento, a partir de 2020 ele dá nome a uma nova espécie de aranha, a Araniella villanii.
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