Nota da Redação de AND: Publicamos importante artigo produzido pela equipe editorial do jornal Yeni Demokrasi (Nova Democracia) da Turquia. Nele, os revolucionários turcos analisam a importância da Resistência Nacional Palestina e da Resistência Libanesa, demonstram como o velho Estado turco têm apoiado sido um apoio chave do imperialismo; e conclamam todos os anti-imperialistas e revolucionários necessidade de realização de ações mais efetivas, e não apenas se contentar em ser solidário à causa Palestina. Recomendamos aos nossos leitores.
Estamos em um processo em que somos forçados a vencer contra o imperialismo e o sionismo. A Frente de Resistência Nacional Palestina que, com o Dilúvio de Al-Aqsa, destruiu as teorias dos revisionistas e reformistas em nome da paz, democracia, desarmamento, reconciliação e normalização, está marcando um novo estágio em sua longa luta contra a ocupação, o colonialismo e o imperialismo, que se iniciou com a ocupação britânica e durou mais de 100 anos. O povo palestino tem morrido por sua libertação nacional e continuam esta luta de grande sacrifício, e após um ano, deixa claro que os sionistas e imperialistas não foram exitosos em dividir a frente nacional: crianças, idosos, mulheres, jovens e homens continuam a lutar ombro a ombro pela libertação nacional e uma Palestina livre. Sua luta é agora uma realidade revolucionária que reforça a luta anti-imperialista [por todo mundo]. A guerra injusta travada pelo sionismo contra o povo palestino não é exceção. Nas sociedades de classes, o Estado recorre à tirania para dominar as massas, manter a produção de mais-valia e aumentar sua porção do bolo. Enquanto os Estados estão saqueando petróleo, minerais valiosos, força de trabalho barata e superioridade geográfica e politica para seus próprios cofres, estão trazendo a morte, destruição e exploração dos povos. Os direitos das nações, classes e gêneros oprimidos não importam. Esta prática, que revela a verdadeira face do imperialismo e da reação mundial no Oriente Médio, [em um só ano] massacrou mais de 40.000 pessoas somente na Palestina. A quantidade de jornalistas, médicos, acadêmicos, professores e trabalhadores de ajuda humanitária massacrados na Palestina é maior do que o número de pessoas [como estas] mortas em 20 anos da guerra do Vietnã, ou nos 8 anos da Guerra do Iraque. Uma frente promissora contra esta guerra injusta é a luta unificada dos povos do mundo, que estão se levantando em todos os continentes da terra e expõem o caráter reacionário do imperialismo. Dezenas de práticas demonstram que quando se trata dos interesses de classe da burguesia, todos os crimes de guerra, incluindo o genocídio, são legítimos. Todos os tratados e convenções sobre direitos humanos são instrumentos que podem ser deixados de lado pelas instituições que clamam ser os “garantidores” destes tratados para os interesses dos imperialistas. O direito a liberdade de expressão, de reunião e organização, dos quais os Estados imperialistas ocidentais se orgulham, são dispensados como uma série de direitos democráticos que podem ser facilmente violados quando se trata de demonstrar solidariedade com a resistência do povo palestino.
A situação atual e as crescentes e altas vozes demonstram que a crise do capitalismo está aprofundando; a manipulação e propaganda da burguesia contra os povos estão perdendo seus efeitos a cada dia. Apesar de os imperialistas e seus colaboradores estarem apoiando a reação sionista de Israel com todos os meios a sua disposição, a honrável resistência do povo palestino e a luta unificada dos povos que estão se unindo a esta resistência demonstram que uma nova onda revolucionária está sendo gestada. Estamos em um período histórico de viragem, e pontos de viragem históricos requerem intervenções históricas. Não temos tempo a perder; necessitamos coalizões de forças sistemáticas e amplas que possam elevar esta crescente onda progressiva. A história demonstrou diversas vezes que se nós, como comunistas, formos incapazes de desenvolver os meios e métodos para reconhecer nosso papel subjetivo e fazer as intervenções corretas neste momento de ruptura histórica, serão os imperialistas e seus lacaios que se beneficiarão desta ruptura.
Neste sentido, é importante lembrar das práticas atuais e do ano passado, avaliá-las e lembrar dos vínculos que foram criados na luta interna. Lembrar é resgatar o passado, e resgatar o passado é reconstruir o presente.
Em face à guerra injusta dos ocupantes, muitas discussões ideológica e politicamente fragmentadas, esforços de unificação e práticas contra esta guerra surgiram em nosso país. Em face a esta agressão brutal, que está massacrando os povos da região, diversas discussões foram realizadas de forma inadequadas em meio a ações, assembleias, e chamados à solidariedade foram rapidamente organizados. Hoje, entretanto, consideramos ser um dever revolucionário avaliar o ano transcorrido.
Uma consciência que não se unifica em face aos ataques que tem massacrado o povo palestino e libanês, que não tenta unificar, que não reflete sobre um campo comum e por alianças, não pode constituir uma consciência revolucionária. Ao mesmo tempo, nossas práticas não devem se limitar às palavras “lado a lado”, “solidariedade” e “terreno comum”. Podemos claramente dizer que a causa palestina não é mais objeto de nostalgia e melancolia que queremos manter vivo a todo custo, mas parte direta e frente da luta de classes anti-imperialista. Para nós, não é questão de consciência, mas de responsabilidade histórica que a luta de classes colocou sobre nossos ombros.
No passado ano, muitas comunidades, plataformas e organizações democráticas de massas realizaram ações em apoio à causa palestina. Está claro que o Estado turco é um aliado estratégico de Israel e que esta aliança está exacerbando o problema palestino ao reforçar o Estado ocupante. A questão palestina não é somente uma questão de política estrangeira para a Turquia, mas também um elemento direto de política interna. Enquanto a ação dos movimentos islâmicos, cuja existência é também condicionada pelas classes dominantes, busca encobrir esta aliança e chamam por um boicote de consumo e o individualiza, em que áreas principais as forças de esquerda socialistas realizaram que ações?
O processo demonstra que um ativismo pela Palestina que somente se orienta à agenda e tendências políticas das respectivas instituições não é suficiente, mas que necessitamos de uma mobilidade constante que traga a luta de libertação palestina à pauta atual das massas. Esta mobilidade e perspectiva é o caminho para o apoio efetivo que vá além das necessidades do dia. Devemos tomar posição, de acordo com o princípio do internacionalismo proletário, contra as guerras de ocupação e divisão travadas pelas potências imperialistas, entre elas e por seus lacaios, e devemos expressar a razão de a luta palestina estar diretamente ligada à luta de bilhões de trabalhadores pobres e oprimidos que almejam um mundo que valha a pena viver. A Liga Anti-Imperialista enfatiza que devemos assumir a indispensável tarefa de construir a frente anti-imperialista mundial que, sob a direção do proletariado, unifique as amplas massas populares contra o imperialismo e toda a reação, apoie com toda força as guerras populares e as lutas de libertação nacional, e sirva às lutas dos povos ao redor do mundo.
Primeiro, um breve exame das ações do último ano: logo depois da intensificação dos ataques, o BDS Turquia chamou por um boicote de produtos e empresas de origem ou associadas a Israel, e foram realizadas ações com vários objetivos específicos em mente, para romper todas as relações comerciais, diplomáticas, acadêmicas e culturais com o Estado ocupante. Zorlu Holding, que produz energia e material militar (peças e munições) para israel nos territórios ocupados da Palestina; Socar, que é um parceiro de facto no genocídio através de sua produção de petróleo; empresas membro da MÜSİAD que exportam petróleo, ferro e aço, comida, roupas militares, munição e produtos para a indústria de guerra; Universidade de Mármara, que está diretamente ligada à academia da ocupação e produz informação para Israel sionista; a base Kürecik, o consulado do EUA, o porto de Ambarlı, as autoridades municipais de Adana, Izmir e Antalya e as autoridades municipais de Edirne, Marmaris e Kadıköy, que assinaram tratados de parceria diretamente com o Estado ocupante.
As convocações para a participação de massas, o panfleto e ações de denúncia e anúncios seguem. Apesar das ações conjuntas do Comitê de Ação Palestina, que foi fundado depois da chamada do BDS Turquia para a organização centralizada das ações, importantes contribuições foram feitas ao atual ativismo por Palestina, consideramos importante discutir as deficiências deste trabalho para desenvolvê-lo mais e dar um passo adiante. As atividades realizadas para colocar a luta de libertação nacional palestina na pauta das massas permaneceu principalmente nos centros urbanos e somente pôde ser levado de maneira muito limitada aos bairros onde as massas trabalhadoras vivem. O fato de as discussões sobre o Hamas, que se intensificaram depois do Dilúvio de Al-Aqsa, estavam alinhadas com a mesma propaganda da imprensa burguesa ocidental e dos ocupantes, e que a legitimidade da luta de libertação nacional palestina e a resistência, durante esta luta, foi levada a questão, tornou difícil engajar com a resistência como um todo. Isso chegou tão longe que se percebia isso nos discursos/consignas por todo o processo. Ao ponto que chegamos hoje, se pode dizer que esta luta foi vencida em grande parte. Apesar de que as consignas tais como “Liberdade para Palestina, Boicotem Israel”, “Israel assassina, AKP colaborador” e consignas dirigidas contra as corporações e o poder político ainda estejam sendo utilizadas, pode-se dizer que as manifestações nos locais de protesto nos centros das cidades, nos consulados de Israel ocupante, nas empresas Zorlu e Socar, são insuficientes. Está claro que a expansão dos protestos aos bairros operários e a organização de ações que prejudiquem diretamente o capital expandirão a participação das massas na luta pela Palestina.
Vemos as tarefas que a urgência do processo pelo qual passamos nos impõe: a luta de libertação nacional palestina deve ser popularizada, seus limites ampliados e a continuidade de suas atividades garantidas. O curso das ações organizadas durante este processo demonstram que depois de um ano, a resistência palestina está na pauta das massas, não importa o quão forte seja a propaganda da ocupação e da imprensa burguesa. Aqueles que pensaram que o compromisso do povo com a luta desvaneceria com o tempo e que o povo seria enganado com falsidades se enganaram. O crescente protesto de massas e a ocasião das discussões provam esta falácia. Pode-se dizer que a prática do comitê de trabalho no Focus Palestine é um ponto importante, e que nossa tarefa agora é desenvolver esta prática. É óbvio que as mobilizações de massas até agora se tornaram rotineiras para as massas, reunir para fazer uma declaração de imprensa e depois dispersar. Isso também se demonstra pelas ações com outras pautas, que ficaram limitadas a isso por muitos anos. É um período de alta para continuar esta prática. Hoje, os ataques ainda são intensos e a resistência é forte e contínua. A intifada é muito atual. Enquanto os ataques intensificados na Palestina e Líbano continuam neste grau, devemos travar as lutas de libertação nacional contra o imperialismo e seus lacaios de forma revolucionária, devemos organizar uma genuína e consequente luta anti-imperialista contra o sistema imperialista, que é a fonte do problema, e a força política colaboracionista em nosso País, ao abordar todos os problemas e contradições sociais no contexto da luta de classes.
A solidariedade em princípio e ação não é possível sem dar um fim ao domínio econômico, social, político, ideológico, cultural e militar dos sionistas no Estado turco e romper os meios de dominação e poder desta reação. Não é suficiente dizer que estamos do lado do povo palestino, não é suficiente participar nas ações de solidariedade, devemos atacar, expor e destruir toda a presença do Estado ocupante em nosso país. A Palestina não está distante de nós e nunca esteve, mas o inimigo também não está. O inimigo é o Ministério do Comércio, o inimigo são as bases da OTAN, o inimigo é a Universidade de Mármara, o inimigo está nas partidas de futebol do Beşiktaş, o inimigo está fazendo espetáculos no Centro de Artes Performáticas de Zorlu. O caminho para avançar a luta palestina é expulsando o ocupante das áreas onde vivemos, isolá-lo e gritar seus crimes desde os terraços. Devemos travar uma luta ativa e aberta em nossos países contra todos os propagandistas regionais e internacionais e colaboradores do sionismo israelense. Devemos atacar as fontes qe alimentam a ocupação, o massacre e o genocídio e os dão credibilidade e legitimidade.
Como comunistas, marxista-leninista-maoistas, reiteramos o chamado da Liga Anti-Imperialista: todas as forças revolucionárias, anti-imperialistas e anti-ocupação devem apoiar a luta de libertação nacional palestina e a ser parte da resistência, custe o que custar.