O Partido Progressista (PP) é a mais nova sigla a endossar a candidatura do democrata Rodrigo Pacheco (MG), na disputa pelo comando do Senado Federal. Com o apoio do PP, Pacheco conta agora com um arco de oito siglas o apoiando – DEM, PL, PP, PROS, PSC, PSD, PT e Republicanos.
O arco de aliança de Pacheco é composto por 39 parlamentares. Candidato à sucessão do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o democrata enfrentará a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que lançou candidatura na última terça-feira, 13.
“O MDB, com o maior número de parlamentares no Senado, reafirma sua unidade em torno da candidatura da senadora Simone Tebet para a Presidência da Casa, na eleição do próximo dia 1º de fevereiro”, afirmou o partido em nota.
De acordo com a nota, a candidatura de Simone Tebet “é também uma manifestação do enorme respeito do MDB por todas as mulheres, que têm conquistado avanços significativos no Congresso Nacional e no Brasil, em diversas áreas”.
Nesta quarta-feira, 13, o Podemos, terceira maior bancada do Senado com nove parlamentares, declarou apoio a Simone Tebet, que conta agora com 24 senadores, somando com os 15 de seu partido, que é a maior bancada do Senado Federal. Para se eleger presidente do Senado é preciso o voto de 41 dos 81 senadores.
O MDB vive à expectativa de angariar a bancada do PSDB, que conta com sete parlamentares. Após o apoio do Podemos à candidata do MDB, o senador e ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), declarou apoio para ela, como uma tentativa de forçar uma adesão do partido, que, segundo informações de bastidores, encontra-se dividido.
Com apoio declarado de seu partido ao candidato do DEM, o líder do PSD no Senado Federal, Otto Alencar (PSD/BA), avalia que, pelo número de votos conquistado, Pacheco já está “virtualmente eleito”.
“O Rodrigo é hoje o candidato de 39 senadores e senadoras, é bom que se entenda. No PSD estamos 100% fechados; são 11 senadores. Ele conta com 39 votos bem sólidos e outros virão, dentro do PSDB ele tem voto. O senador Roberto Rocha do Maranhão está apoiando ele e acho que a posição do Rodrigo é confortável. Toda eleição é decidida no voto, ao concluir a votação, mas eu considero que ele é o virtual vencedor”, opinou Alencar.
Rodrigo Pacheco é considerado como o candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na disputa, apesar dele não ter declarado publicamente, muitos sinalizam que pela proximidade que o chefe do executivo tem com Davi Alcolumbre, ele não poderia chancelar outro nome.
O senador do PSD rejeita o rótulo de candidato do Palácio do Planalto dado ao candidato do DEM e reforça que “Rodrigo não é candidato só de Bolsonaro e Davi”. Otto pondera que há “alguns senadores aliados de Bolsonaro que o apoiam”, mas destaca que hoje Pacheco é o “candidato de 39 senadores e senadoras, independentes e que não são ligados a Bolsonaro”.
O senador Angelo Coronel (PSD/BA) avalia que a demora no lançamento da candidatura prejudicou o MDB, que até o início de janeiro ainda contava com ao menos cinco nomes na disputa pelo posto oficial de representante do partido na eleição para presidente do Senado.
“A senadora Simone é um nome que tem o devido respeito no Senado, mas eu acho que o MDB demorou muito para decidir dentro da sua base o nome que iria representar a sigla na disputa do Senado; e com isso, com esse atraso, fez com que os demais partidos, na sua grande maioria, principalmente os de maiores bancadas, fechasse o apoio a Rodrigo Pacheco”, explica Coronel.
Em tom de ironia, Coronel pontua que “não tinha porque os senadores ficarem esperando o dia em que o MDB resolvesse decidir quem seria o candidato”, e indica que agora estarão ao lado do MDB “os partidos que já estavam esperando o anúncio”.
Assim como Otto, Coronel acredita que não deve haver traição entre os partidos que já chancelaram apoio ao candidato do DEM, mas admite que, por se tratar de uma votação secreta, a possibilidade existe. “Na vida tudo é possível”.
Equilíbrio
O cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Cláudio André Souza, aponta divergências internas no Senado e aliada às estratégias para disputa pela presidência da Câmara como os motivos que provocaram um retardo no lançamento da candidatura pelo MDB.
“O MDB demorou na divulgação da candidatura da Senadora Simone Tebet em razão das divergências internas em torno da decisão de qual seria o nome do partido para a disputa. A demora também se deveu ao arranjo das estratégias do DEM e do MDB na Câmara, o que impactou no Senado Federal”, explica André.
O cientista político explica que a escolha de Tebet “representa o peso do MDB que tem 15 senadores”. Ele sinaliza que, com os “apoios formais de partidos como PSDB, Podemos, Cidadania, entre outros, Tebet poderá chegar de imediato a mais de 30 votos”, o que deixará à disputa pela presidência do Senado Federal “equilibradissima até a reta final, já que é necessário 41 dos 81 votos para vencer o pleito por maioria simples”.
O professor da Unilab lembra outro fator que atrasou a escolha do nome: “a candidatura de Tebet “rema” à distância dos olhos do Planalto e do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que se empenhou pessoalmente na costura do lançamento da candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG)”.