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Cultura

[Opinião] Ao Brasil — nem tão nacional assim — pedimos socorro!

[Opinião] Ao Brasil — nem tão nacional assim — pedimos socorro!

Por Robson Wagner*

Como estudioso e profissional da área de marketing político e comunicação institucional, hoje me abstenho de tratar diretamente da minha especialidade. Tenho observado, com crescente perplexidade, um fenômeno que se intensifica a cada dia: o Brasil é, na verdade, muitos. É um país de contrastes tão profundos que chega a parecer formado por várias nações distintas. Em certos aspectos, as diferenças entre estados como Ceará e Rio Grande do Sul são talvez maiores que as que separam países como Equador e Peru.

Nas cidades mais ricas, encontramos a população mais pobre, com as maiores necessidades. Seria fácil tentar suavizar essa realidade — talvez atribuí-la à colonização portuguesa, à vasta extensão territorial ou a outros tantos fatores estruturais. E sim, eu poderia elencar pelo menos mais cem motivos. Mas acredito que o maior milagre brasileiro ainda seja a nossa Unidade Nacional.

Cada um tem seu time de futebol, mas quando chega a Copa do Mundo, todos vestem a camisa da Seleção. Todos acreditam que, agora sim, o time está pronto e seremos campeões. Essa união momentânea talvez seja a mais autêntica expressão do que nos faz, de fato, brasileiros.

Dito isso, voltemos aos desafios políticos de cada unidade federativa. Ao acompanhar de perto o cenário político nacional, percebo que o modelo presidencialista se mostra cada vez mais frágil diante de um parlamento voraz, independente e repleto de representantes preocupados — sobretudo — em garantir recursos e votos para seus redutos eleitorais. Afinal, como costumo dizer, na política há uma separação simples: entre “os capazes” e “os capazes de tudo”. Política, para muitos, é antes de tudo sobrevivência.

E o que o parlamento nos revela sobre o Brasil? Que é um país lindo, com florestas tropicais, os melhores jogadores de futebol do mundo e um sonho quase utópico de se tornar uma potência global. Mas, quando olhamos mais de perto, percebemos que cada estado — São Paulo, Bahia, Pernambuco, o gigante Amazonas, a autossuficiente Santa Catarina (que por vezes beira o despropósito de nem se sentir brasileira) — funciona como uma verdadeira nação. Cada qual com vida própria, política autônoma e demandas específicas.

Pensar que a eleição nacional de 2026 não terá reflexos nos estados seria ingênuo. Contudo, o que se nota é que o povo brasileiro está cada vez mais focado em seu próprio “quadrado”, em sua realidade imediata. E isso muda tudo.

Nos estados, é verdade que quem detém a caneta costuma largar na frente em qualquer eleição. Mas há espaço, sim, para o novo — ou, quem sabe, para a repetição do novo. O diferente ainda desperta interesse. E o povo quer? Quer sim. Quer ouvir propostas, entender o que realmente está acontecendo, saber o que pensam os candidatos e, acima de tudo, o que pode esperar do futuro.

No entanto, essa esperança parece cada vez mais distante. Embora se fale tanto em um país dividido, na prática muitos estados têm apenas dois ou três candidatos competitivos. Os discursos — tanto os de promessas quanto os de críticas — tornaram-se mantras, repetidos à exaustão.

E a pergunta que não quer calar é: onde estão os candidatos e suas propostas? Vocês querem mesmo romper com essa dicotomia de amor versus ódio? Eu, povo, posso sonhar com um futuro melhor?

As respostas, infelizmente, costumam vir apenas após a contagem dos votos. Mas esses questionamentos urgem. Precisam ser feitos antes. E o povo quer fazê-los. Talvez só lhe falte força, ou talvez lhe falte o mesmo sentimento que encontrei hoje ao reler o Salmo 121:

“Elevo os meus olhos para os montes; de onde me virá o socorro?”

*Robson Wagner é CEO da W4 Comunicação e diretor de desenvolvimento da Abap-BA.

Fonte: www.bahiasemfronteiras.com.br

Publicado em: 2025-04-12 14:16:00 | Autor: Redação BSF |

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