Estudantes do Colégio Estadual Dulce Petri, localizado em Duque de Caxias, denunciam a decisão arbitrária de encerramento do turno noturno na unidade escolar. Após uma investigação feita por estudantes que faziam parte do turno noturno, encerrado no final do ano passado, o que antes se achava ser uma medida imposta ao colégio pela Seeduc, se mostrou ser na verdade um pedido da própria direção do colégio, que decidiu pelo encerramento do turno noturno de maneira arbitrária.
A verdade se revelou em uma resposta da própria Seeduc aos questionamentos levantados pelos estudantes com relação ao encerramento do turno. A versão apresentada pela Seeduc contradiz a da direção do colégio, de que o encerramento do turno na unidade seria motivado por “ordens de cima”, revelando que na verdade se tratou de uma solicitação da própria direção do colégio.
Também é constatado na resposta da Seeduc aos estudantes, que a direção do colégio realizou uma reunião com a comunidade escolar para tratar do encerramento do noturno, e que não haveriam sido apresentadas posições contrárias ao encerramento do turno. Os estudantes, por outro lado, denunciam que não houve a devida participação dos estudantes na reunião, e que grande parte do corpo docente e dos profissionais técnicos era contra a medida. Em dezembro do ano passado, o Professor Décio, que trabalhava na unidade, cedeu entrevista à correspondência de AND, onde demonstrou extrema preocupação com as consequências que a decisão acarretaria.
A resposta da Seeduc aos estudantes foi cedida, através de prints, à correspondência de AND, e poderá ser lida abaixo:

Os estudantes também denunciam a falta de ar-condicionado em salas de aula, realidade que no colégio já dura anos e que nunca foi dada uma solução.
Encerramento do turno noturno causou evasão e prejudicou estudantes
Com o encerramento do turno noturno, o que sobrou para muitos estudantes foi ter que escolher entre se transferir para um colégio distante ou abrir mão totalmente ou parcialmente dos estudos, tendo em vista que a maioria só possui tempo livre à noite por conta de terem outros compromissos durante o dia, como trabalho ou cursos profissionalizantes.
A estudante Fátima, que cursava o noturno e, por conta do encerramento, teve que se transferir para o turno da manhã, relatou à correspondência de AND que esse ano precisou perder inúmeras aulas para comparecer ao trabalho. E relatou que muitos de seus colegas ou tiveram que se transferir para a manhã, ou sair do colégio, muitos deixando de estudar.
Já Pedro, estudante que teve que se transferir para outro colégio por conta do encerramento do turno, expressou extrema preocupação por conta da distância do novo colégio. “Eu acordo às 04h50 da manhã para trabalhar, eu largo do colégio às onze horas da noite, se eu for pegar moto eu vou gastar 10 reais por dia, a pé até a minha casa é 15 a 20 minutos, como vou ter condições de acordar no outro dia?”
Segundo os estudantes, o sentimento de indignação é o que se expressa em todos os estudantes que eram do noturno. “Não é apenas sobre o noturno, é muito mais que isso, é sobre nosso lugar de fala, sobre nossa voz também”, comentou Fátima.
Publicado em: 2025-03-05 18:08:00 | Autor: Igor Totti |