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Saúde Mental, pessoas acima de estigmas por Thiago de Moraes

Saúde Mental, pessoas acima de estigmas por Thiago de Moraes

Artigo de Thiago de Moraes jurista, cientista político, apresentador ancora, jornalista

MTB 0091632/SP

A saúde mental, por décadas negligenciada ou tratada à margem das prioridades sociais, finalmente ocupa o centro das discussões globais. No entanto, reconhecer sua importância é apenas o primeiro passo. Priorizá-la de maneira eficaz, com humanidade e inteligência, exige mais do que discursos: demanda ação corajosa, políticas sensíveis e o compromisso de todos os setores da sociedade.

Estamos vivendo um tempo de mudanças profundas e aceleradas — transformações tecnológicas, crises econômicas e tensões sociais que moldam e pressionam as mentes e os corações das pessoas. O impacto é avassalador. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos mentais, como depressão e ansiedade, não apenas geram perdas econômicas bilionárias, mas deixam um rastro de sofrimento humano difícil de medir: vidas ceifadas, sonhos desfeitos, famílias destroçadas.

No Brasil, a situação é alarmante. Somos líderes em índices de ansiedade e depressão na América Latina, e o número de suicídios cresce de forma preocupante entre jovens e idosos. A falta de serviços acessíveis, aliada ao preconceito e à falta de conhecimento, cria barreiras insustentáveis para milhões de brasileiros que sofrem em silêncio.

Falar de saúde mental é falar de pessoas, não de estatísticas. Não se trata apenas de oferecer diagnósticos e tratamentos, mas de enxergar cada ser humano como um universo único, moldado por histórias, contextos sociais e relações. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade onde a busca por ajuda psicológica é muitas vezes associada a fraqueza ou vergonha.

O combate a esses estigmas deve começar com campanhas educativas amplas e constantes, que promovam empatia, acolhimento e conhecimento. Mas campanhas não bastam. É essencial que escolas, postos de saúde e comunidades inteiras estejam equipados para fornecer suporte real e acessível.

Priorizar a saúde mental exige inteligência na alocação de recursos e na formulação de políticas públicas integradas. Saúde mental não é um assunto isolado: ela permeia o desempenho escolar, a produtividade no trabalho, a segurança pública e até a economia.

O uso da tecnologia pode ser um divisor de águas. Plataformas de telemedicina, triagem baseada em inteligência artificial e aplicativos voltados para saúde emocional já são realidades promissoras. Porém, é crucial lembrar que a tecnologia deve ser um complemento, não um substituto, para o contato humano e o cuidado personalizado.

Governos têm a responsabilidade de integrar saúde mental e física em todos os níveis de atendimento, enquanto empresas precisam criar ambientes de trabalho que priorizem o bem-estar emocional. Estudos já demonstraram que funcionários emocionalmente saudáveis são mais engajados, criativos e resilientes. É hora de transformar boas intenções em práticas consistentes.

 

Não há solução milagrosa para a crise de saúde mental que enfrentamos. Mas há um caminho. O Brasil tem condições de liderar um movimento global, desde que adote uma postura ambiciosa e inovadora, com a saúde mental no centro de suas políticas públicas.

Mais do que uma questão de políticas ou investimentos, estamos falando de um compromisso moral: garantir que ninguém seja deixado para trás. Não podemos mais esperar por tragédias para abrir os olhos. Que o cuidado com a saúde mental seja visto como um direito, tão essencial quanto a saúde física.

A transformação começa agora, com cada decisão, cada conversa e cada ato de empatia. O futuro será mais humano se, como sociedade, escolhermos tratar a saúde mental com a dignidade e a prioridade que ela merece.

Fonte: lifefashionmag.com

Publicado em: 2025-01-12 15:18:00 | Autor: Maria Emilia Genovesi |

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