Servidor de carreira da Assembleia de Minas, José Geraldo Prado foi exonerado oficialmente no início da semana, a pedido, devido a questões pessoais; Estado tem desafio em encontrar nome para a vaga
Responsável pela articulação política do Palácio Tiradentes com a Assembleia Legislativa, a Secretaria de Governo (Segov) de Romeu Zema (Novo) inicia 2021 sem um de seus mais importantes quadros, considerado por aliados um profundo conhecedor do funcionamento da Casa e do processo de negociação junto aos parlamentares. Foi oficializada no “Diário Oficial” da última terça-feira a exoneração de José Geraldo de Oliveira Prado, que atuava como secretário adjunto da pasta.
Servidor de carreira da ALMG, José Geraldo estava na secretaria desde o início da atual gestão, tendo permanecido mesmo após as saídas de Custódio Mattos (PSDB) e Bilac Pinto (DEM) do comando da pasta. Com isso, ele se manteve no cargo por quase um ano já sob a gestão do atual secretário Igor Eto (Novo). Embora a oficialização tenha acontecido no início do ano, a saída dele já era dada como certa desde pouco antes do Natal, quando ele já havia comunicado o afastamento por questões pessoais.
Na ALMG, José Geraldo já exerceu diversos cargos, com destaque para o de secretário geral da Mesa entre 2007 e 2014. Com isso, é tido por muitos como uma verdadeira “enciclopédia” da Casa e de como se dá a articulação política com o Executivo.
Embora ainda não haja uma perspectiva de quem poderá substituí-lo, aliados de Zema destacam a dificuldade que o Executivo terá de encontrar alguém com o conhecimento do ex-secretário adjunto, mas que isso não deve interferir na relação atual do Palácio Tiradentes com os deputados.
Segundo fontes ouvidas pelo Aparte, alguns nomes já foram ventilados para o secretário, que está de férias ao longo desta semana e só deve analisar a situação quando retornar às atividades.
O perfil do novo secretário adjunto, segundo os relatos, precisar ser o de alguém que traga a experiência que José Geraldo agregava e que entenda com profundidade a rotina de tramitação dos projetos na ALMG. Ao mesmo tempo, o governo busca alguém que tenha “leitura política para entender os tempos e movimentos do jogo político”.
“O Igor, desde o começo, tem um contato muito próximo e direto com os deputados. O que mais faz falta, e é por isso que ele vai tentar recompor (a perda), é ter uma pessoa com a experiência e o convívio que o José Geraldo tinha”, disse um integrante do governo, em reserva, destacando que o ex-secretário adjunto era profundo conhecedor das questões operacionais do dia a dia da Segov.
Interlocutores reconhecem a experiência de José Geraldo, mas dizem que, assim como ele, a ALMG possui um histórico de servidores qualificados e com experiência, o que não descartaria por completo a possibilidade de que o escolhido seja do Parlamento.
“Pode-se puxar algum chefe de gabinete, subsecretário… O Zé é uma enciclopédia da Assembleia, então qualquer nome vai ser o de alguém que conhece menos que ele. Certamente, nesse aspecto, é uma grande perda”, avaliou outra fonte governista.
Em relação ao impacto que a saída pode ter na articulação com a ALMG, o entendimento é de que, embora a experiência de José Geraldo vá fazer falta, não se trata do pior dos cenários. Fontes ainda reforçam que o ex-secretário adjunto tinha perfil técnico, não havendo influência política em sua nomeação. “Seria desejável que ele ficasse, mas não é o fim do mundo também, não. Difícil foi quando tivemos que voltar no reajuste dos servidores e segurar aquele rojão”, avaliou um deputado governista, referindo-se ao veto de Zema ao reajuste da segurança pública, no início de 2019, que causou a saída de Bilac Pinto da Segov. “Quem sobreviveu àquilo, sobrevive a qualquer coisa”, complementou.
O secretário Igor Eto posicionou-se publicamente nesta semana e agradeceu aos serviços prestados por José Geraldo. “Gostaria de agradecer publicamente ao sábio e experiente José Geraldo Prado, que como secretário adjunto de Governo me acompanhou até aqui em uma forte parceria e agora se dedicará a algumas questões pessoais. A competência do Zé precede o nome. E, mais do que isso, quem o conhece sabe o quanto a presença dele faz bem a quem está ao redor”, destacou.