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‘Somos heroínas que chegam em casa e desabam’: o relato de uma enfermeira em meio à pandemia


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<span class="toolkit-image-container__caption legend_box ">’Quando saio para trabalhar de manhã, eu tento vencer o dia’, conta a enfermeira Alessandra de Mello</span>
<span class="toolkit-image-container__credit credit_box ">Arquivo pessoal</span>
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No mesmo dia em que conversava com a BBC News Brasil, a enfermeira Alessandra Alencar Gadelha de Mello, 48, comemorava 27 anos de formada em Enfermagem.</p>
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Ela concilia dois empregos — à tarde, é enfermeira auditora em um hospital privado de Salvador (BA), auditando os processos e atendimento do hospital, e passa as manhãs em um hospital psiquiátrico da rede estadual baiana, onde faz controle de infecções.</p>
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<strong>Leia mais: <a href="https://noticias.r7.com/saude/brasil-perde-106-profissionais-de-enfermagem-no-combate-a-covid-19-19052020">Brasil perde 106 profissionais de enfermagem no combate à covid-19</a></strong></p>
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Esse trabalho é particularmente sensível em meio à <a href="https://noticias.r7.com/saude/novo-coronavirus"><strong>pandemia da covid-19</strong></a>, pelo constante temor de que algum dos pacientes portadores de transtornos mentais — que costumam ter um longo tempo de internação — se contamine com o novo coronavírus.</p>
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<strong>A seguir, Alessandra conta sua rotina à reportagem. </strong></p>
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"Antes, nos preocupávamos com infecções, com antibióticos que causassem resistência de bactérias. Mas era rotineiro.</p>
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Com a pandemia, tivemos que readequar toda a estrutura do hospital psiquiátrico e refazer todos os treinamentos para cumprir com as normas da OMS e do governo do Estado, e para garantir que o paciente psiquiátrico não se infecte nem infecte os demais.</p>

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<li><a href="http://noticias.r7.com/saude/covid-19-profissionais-do-sus-terao-atendimento-psicologico-19052020">Covid-19: profissionais do SUS terão atendimento psicológico</a></li>
<li><a href="http://esportes.r7.com/lance/covid-19-22-mil-camisetas-de-corrida-vao-virar-45-mil-mascaras-de-protecao-19052020">Covid-19: 22 mil camisetas de corrida vão virar 45 mil máscaras de proteção</a></li>
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O hospital privado em que trabalho não é de referência, mas tem recebido casos de covid-19 por ser uma instituição de grande porte.</p>
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Então, quando saio para trabalhar de manhã, eu tento vencer o dia. Preciso que as equipes não se cruzem, que os pacientes não se cruzem. Que os protocolos não sejam quebrados, que os pacientes não sejam infectados, para salvaguardar a saúde deles e a nossa.</p>
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Tivemos dois casos suspeitos entre pacientes, que transferimos em tempo hábil. Hoje (12 de maio), com muita felicidade, recebemos a notícia de que o teste deles deu negativo para o coronavírus.</p>
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Mas temos funcionários e servidores que se contaminaram.</p>
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Essa é a nossa maior preocupação: o grande número de profissionais da saúde infectados. É um grande medo pessoal, uma grande angústia, e que diminui muito a nossa força de trabalho na enfermagem.</p>
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Nos hospitais onde trabalho, estamos perdendo cerca de 40% da equipe. Estamos trabalhando com déficit de pessoas, e muitos estão cansados de dobrar os turnos para compensar essa ausência.</p>
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Recentemente, uma colega apresentou sintomas, então é muita tensão. Às vezes eu preferiria estar em uma unidade de referência contra o covid-19, em que você já sabe qual é o perfil do paciente que vai chegar, do que ficar nesta tensão de ser pega de surpresa ao se deparar com a doença.</p>
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No hospital psiquiátrico, estamos equipados e com máscaras, mas não tão paramentados como estão os profissionais de UTI.</p>

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<span class="toolkit-image-container__caption legend_box ">"Profissionais da saúde infectados é nossa maior preocupação’, relata Alessandra de Mello</span>
<span class="toolkit-image-container__credit credit_box ">Getty Images/BBC Brasil</span>
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Então eu vivo em alerta constante. Sempre que chega mensagem no meu celular, penso, ‘meu Deus, será que algum paciente está com sintoma?'</p>
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Trabalho 12 horas por dia, porque, assim como muitos enfermeiros, tenho que ter vínculo (profissional) com mais de uma instituição. E não é porque a gente quer, mas porque a gente precisa. E é complicado abrir mão de um emprego no meio desta crise econômica.</p>
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E para muitos, entre uma jornada e outra entre os hospitais, tem o medo de se contaminar no transporte público.</p>
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Eu também penso muito também no pós-pandemia. Agora é o momento em que a infectologia está em alta, mas depois vai ser a vez da psiquiatria. Porque, quando tudo isto passar, teremos muitos profissionais adoecidos. Tenho colegas que não conseguem mais sair de casa, de tão apavorados, exauridos.</p>
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As pessoas dizem que somos heroínas, mas a gente se pergunta, meu Deus, que heroínas são essas que chegam em casa e desabam?</p>
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Em casa, o medo é grande também. Minha filha acabou de se formar em Medicina e dá plantão em hospital de referência no tratamento da covid-19. Então fica ela preocupada comigo, e eu preocupada com ela."</p>

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