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Vida e obra do chefe comunista Ibrahim Kaypakaya é celebrada na Turquia

Vida e obra do chefe comunista Ibrahim Kaypakaya é celebrada na Turquia

Celebrações e festividades se espalham pela Turquia durante o último dia 18 de maio, comemorando a memória do dirigente turco Ibrahim Kaypakkaya e o 52º aniversário de seu martírio. Várias atividades de agitação ocorreram nas cidades de Istambul, Esmirna e Samandağ para relembrar a vida do revolucionário. Além disso, organizações democráticas e revolucionárias realizaram eventos conjuntos em Samessun, Dersim e dois eventos em Istambul.

Desde o dia primeiro de maio, cidadãos revolucionários alemães também se mobilizaram para organizar essa celebração em várias cidades de seu próprio país. Em Cologne, mais de 200 pessoas se reuniram em um sábado para participar do evento e celebrar as lutas e contribuições teóricas de Kaypakkaya.

Ibrahim Kaypakkaya foi um estudante de Física e importante dirigente turco ligado à formação da linha do marxismo-leninismo-maoísmo. Forjado em meio às disputas ideológicas entre o revisionismo da União Soviética Kruschevista e a China socialista, Kaypakkaya aplicou a teoria de Mao à realidade turca e pontuou os 11 Princípios que sustentam a prática revolucionária, entre eles o campesinato como protagonista na construção da revolução turca. 

18 de maio: 47 anos do assassinato de Ibrahim Kaypakkaya – A Nova Democracia

Ibrahim Kaypakkaya, fundador do Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninista (TKP/ML)

Em 1971, um golpe militar fascista inicia uma era de perseguição sistemática aos direitos do povo. Ibrahim, rotulado como o revolucionário mais perigoso da Turquia pelos militares, foi atacado pelo exército fascista, forçado a fugir e então sendo denunciado à polícia por um traidor que lhe ofereceu abrigo – ele fugiu mais uma vez e sobreviveu enterrado por cinco dias antes de ser encontrado e levado a um centro de tortura em Diyarbakir. Torturado brutalmente por quatro meses, ele não capitulou e protegeu seus camaradas ao se recusar a entregá-los, até o dia em que os fascistas desistiram e assassinaram-no. Esse dia foi 18 de maio de 1973.

Na Turquia, em Atasehir, Istanbul, representantes do Partido Socialista dos Oprimidos (PSO), da Federação das Assembleias Socialistas (FAS) e do Partizan professavam no painel intitulado “Nós lembramos dos mártires, de maio de 1937 até o presente”. Huseyin Simsek, representante da FAS, mencionou Ibrahim, o Massacre de Dersim e o combate ao imperialismo. Huseyin explica a situação da época, que o massacre foi uma resposta às lutas de independência dos vários pequenos povos pelas suas terras contra a Lei de Reassentamento, que atingiu particularmente o povo Curdo. 

Sezin Uçar, do PSO, exaltou o período da ascensão da esquerda democrática em 1960, do fortalecimento dos sindicatos, da fundação do Partido Turco dos Trabalhadores e do crescimento do movimento revolucionário das massas apesar das linhas conformistas. Já o representante do Partizan destacou a linha maoista de Ibrahim, a avaliação dele sobre a linha reformista conhecida como Kemalismo e da inevitabilidade de conflitos e confrontos no combate à opressão imperialista e para a resolução dos problemas nacionais.

Em Dersim, o Partizan e a FAS levantaram um banner com os dizeres “Líder Comunista Ibrahim Kaypakkaya Vive e Luta”. Abriram o evento com um minuto de silêncio a todos que morreram pela revolução e pelo comunismo e em seguida passaram um filme. Em seguida, o Partizan fez um discurso e constatou que:

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“O que construiu Ibrahim foi a análise das nações e das nacionalidades no país, e também a sua defesa ao direito das nações de se separarem espontaneamente quando ele teorizou isso pela primeira vez. Ibrahim determinou com clareza quem governava o estado e quem ocupava sua soberania.  A insistência e busca de Ibrahim pela revolução foram necessárias para a formação de tais perspectivas. Ele alcançou tais ideais avançados ao adaptar o Marxismo-Leninismo para o país em que ele vivia. Outra questão indispensável é a questão do partido. O partido comunista foi uma questão de foco para Ibrahim. Não devemos comemorar Ibrahim enquanto separamos-o de seu partido. Hoje em dia é propagandeado pelo mundo todo que as pessoas podem lutar pelos seus direitos por meio das urnas. Logo, as ideias de Ibrahim continuam relevantes e são provadas pelos conflitos entre as camarilhas”.

O discurso da FAS destacou o legado ideológico, teórico, cultural e político de Kaypakkaya como a linha política revolucionária do proletariado e a necessidade de quebrar o cerco contrarrevolucionário por meio da união e da organização das massas pela revolução. A melhor forma de comemorar o líder comunista é internalizar suas perspectivas revolucionárias, carimbadas como “perigosas” pelos algozes do povo, e transformá-las em ideias revolucionárias adequadas para a superação dos desafios e condições do presente. “É para inflamar a luta de classes com essas constatações” conclui o representante. E para a conclusão do evento, convidados realizaram um concerto musical.

Já em Samessun, Ibrahim foi celebrado em comemorações de rua. Representantes de vários partidos políticos e associações compareceram ao evento. No evento foi destacado o fato de que várias pessoas estão sendo investigadas pelo estado por comparecerem a esse evento e por celebrarem a memória de Kaypakkaya. “Eles construíram uma delegacia de polícia logo em frente ao túmulo dele. Eles revistam da cabeça aos pés todos que celebram Kaypakkaya, chegando a buscar dentro dos sapatos. Eles pegam suas identidades e colocam elas em um registro. Para quê todo esse medo?” disse Cahit Kolukissa. 

O estado turco prendeu vários cidadãos e democratas revolucionários ligados ao Partizan. Independentemente de suas circunstâncias, os prisioneiros não deixaram de expressar suas mensagens de celebração e seu apoio às festividades. Abaixo disponibilizamos traduções não-oficiais de algumas dessas mensagens:

“Vivendo no momento histórico mais complicado, ciente de que ‘o que importa é a mudança’, a chama acesa pelas revoluções proletárias 53 anos atrás ainda arde.”

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“Mesmo que eles queiram parar nossos corações e apagar o fogo que ele acendeu durante nossa ausência, todo dia 13 de maio nós renascemos com ele, nos tornamos vivos por esse fogo. Indubitavelmente, fomos feridos e, como brasas, queimados. Mas nunca desistimos de nossa insistência por um mundo que destrua essa ordem e se reconstrua. Isso é tão verdade que governos ficam surpresos por nossa paciência e insistência”

“Enquanto a fúria crescente das massas buscava por um ponto de escape; apesar daqueles que balançam as bandeiras do liquidacionismo e semeiam as sementes do derrotismo e gritam “é o fim da linha”, apesar daqueles que temem a imagem de Ibrahim e se submetem às proibições, nós nunca desistimos da nossa insistência pela revolução. Nós não nos impedimos de ser a semente que cresce e amadurece. Buscamos salvação não na escuridão mas sim na realidade objetiva da vida. Colocamos isso em prática junto às massas,  nos tornamos tanto seus aprendizes quanto seus professores. E enquanto eles libertavam suas consciências, nós também nos libertamos e balançamos a bandeira com orgulho.”

“Nós respeitosamente comemoramos e saudamos o líder imortal de nossa luta, Ibrahim Kaypakkaya, no 52º aniversário de seu assassinato. Saudações a todos que balançam a gloriosa bandeira de nossa luta. Saudações ao nosso líder, Ibrahim Kaypakkaya”

Dentro da obra teórica de Kaypakkaya há várias menções à situação do povo Curdo, à importância da independência e da autodeterminação dos povos e de sua própria linha, força e construção revolucionária – um contraste com linhas que buscavam “se sujeitar taticamente” aos ditames do bloco soviético revisionista. Hoje, essa linha é aplicada também na luta pela libertação da Palestina, como bem levantam os vários democratas revolucionários que participaram das celebrações.

Kapakkaya também fez várias considerações sobre o papel da formação dos instrumentos da revolução para levar a cabo a luta de libertação na Turquia. As prioridades de cada um dos elementos dessa tríade estão expressos em seus onze princípios, criticando tanto os devaneios aventureiristas de revoluções instantâneas e levantes pontuais quanto o conformismo e liquidacionismo de linhas não-combativas. Essas posições levam ou ao imobilismo ou à morte de revolucionários e da construção de um movimento até o momento. Por fim, tendo participado de vários partidos e organizações, entre elas o Partido dos Trabalhadores Turco e o  Partido dos Trabalhadores e Camponeses Revolucionários da Turquia, os princípios elaborados por Kapakkaya são uma forma de avançar a linha e ao mesmo tempo torná-la um repelente de revisionistas, conformistas e capitulacionistas – uma defesa dentro do ataque e um ataque dentro da defesa.

As celebrações estavam cheias de vigor e ânimo e impulso revolucionário, relembrando a firmeza do chefe popular turco. É a continuidade de um legado de luta que não tocou os joelhos no chão independentemente da brutalidade empregada pelo velho estado.  A luta contra o feudalismo e a luta contra o imperialismo estão ligadas, a luta pela libertação da Palestina e a luta internacional estão ligadas.  É tolice separar essas lutas tal como é tolice separar Kaypakkaya do maoismo.

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Fonte: anovademocracia.com.br

Publicado em: 2025-05-27 15:10:00 | Autor: Redação de AND |

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